(Reuters) - Um rublo forte, elevada taxa de exportação, problemas com frete e falta de vendas futuras devem dificultar o início da nova temporada de exportação do trigo russo em julho, apesar da expectativa de uma safra recorde, disseram analistas e traders.
A Rússia, maior exportadora de trigo do mundo e fornecedora principalmente para Oriente Médio e África, começará a colheita da nova safra dentro de dias, em meio a sanções ocidentais impostas depois que Moscou enviou milhares de tropas para a Ucrânia em 24 de fevereiro.
Essas sanções complicaram o processamento de pagamentos de negócios russos em bancos ocidentais e dissuadiram muitos proprietários de grandes navios de fazer negócios com Moscou.
"Nenhum dos problemas foi resolvido até agora, apesar das declarações das autoridades ocidentais", disse à Reuters Eduard Zernin, que dirige a associação russa de exportadores de grãos.
Os Estados Unidos disseram que estão preparados para enviar "cartas de conforto" às empresas de transporte e seguros para ajudar a facilitar o fornecimento de grãos e fertilizantes da Rússia.
As Nações Unidas estão liderando negociações multilaterais destinadas a aumentar a oferta do Mar Negro, já que os portos marítimos da Ucrânia estão bloqueados há quase quatro meses.
A Rússia tem muita oferta de grãos, mas seus exportadores precisam confiar nas vendas à vista em vez dos usuais contratos a termo, já que o impacto das sanções complica sua capacidade de planejar negócios com vários meses de antecedência, acrescentou Zernin.
Outro problema é o rublo, que está em máxima de 7 anos em relação ao dólar americano --em meio a controles de capital e uma queda acentuada nas importações de mercadorias-- tornando as exportações russas menos competitivas no mercado global, disse um exportador focado na Rússia.
O alto imposto governamental para exportação de trigo, fixado pelo Ministério da Agricultura da Rússia em 142 dólares por tonelada para 22 e 28 de junho, é outro problema, junto com o alto custo de seguro e frete, disse a consultoria Sovecon.