SÃO PAULO (Reuters) - A produção total de milho do Brasil em 2022/23 deve alcançar um recorde de 131,59 milhões de toneladas, estimou nesta terça-feira a consultoria StoneX, elevando a projeção ante a estimativa do mês passado, ainda que tenha mantido o cenário de exportação.
A StoneX aumentou a projeção da segunda safra do cereal para 100,8 milhões de toneladas, versus 100,54 milhões na estimativa anterior.
"A segunda safra 2022/23 do cereal teve um leve ajuste positivo na produção, de 0,2% no comparativo mensal... Expectativas mais favoráveis para a produtividade de Goiás e Mato Grosso compensaram a redução do rendimento médio no Maranhão e da área no Mato Grosso do Sul", disse o analista de inteligência de mercado do grupo, João Pedro Lopes, em relatório.
No caso da primeira safra de milho, a StoneX manteve sua estimativa de produção inalterada, em 28,6 milhões de toneladas. Com o progresso da colheita da safra de verão, as lavouras vão se tornando cada vez menos vulneráveis às condições climáticas e, portanto, menos sujeitas a revisões.
A StoneX ainda manteve as principais variáveis do balanço de oferta e demanda de milho, com as exportações sendo projetadas na temporada em recorde de 48 milhões de toneladas, aumento de cerca de 1,4 milhão de toneladas ante o ciclo passado.
SOJA ESTÁVEL
Com relação à soja, a estimativa de safra brasileira foi mantida em recorde de 157,7 milhões de toneladas na temporada atual, o que seria um forte crescimento na comparação ao ano anterior, quando a seca reduziu a produção brasileira para 127,2 milhões de toneladas.
"Com uma produção recorde confirmada, o mercado acompanha o desempenho da demanda, tanto no mercado doméstico, quanto as exportações", disse a StoneX, notando que a colheita está praticamente finalizada.
A consultoria elevou o seu número de consumo interno de 54 milhões para 55 milhões de toneladas, diante de perspectivas favoráveis para o esmagamento, com o aumento da mistura obrigatória de biodiesel, além da quebra na Argentina.
Com problemas na safra argentina, o Brasil deverá ter maior demanda externa para derivados como farelo e óleo de soja.
A StoneX manteve a previsão de exportação de soja em grão em recorde de 96 milhões de toneladas, versus 78,7 milhões no ano anterior.
A especialista de inteligência de mercado do grupo Ana Luiza Lodi ressaltou que, neste cenário, os estoques finais de soja 2022/23 ainda ficariam em 8 milhões de toneladas, nível mais elevado que os registrados nos últimos anos, versus apenas 680 mil toneladas no ciclo anterior.
Considerando a média nacional da colheita ultrapassando 95% e com vários Estados já tendo finalizado os trabalhos de campo, a analista comentou que o número de produção não deve sofrer mais revisões significativas.
"A disponibilidade da oleaginosa no mercado doméstico está muito elevada, pesando sobre os prêmios, num ano em que as vendas estão bastante atrasadas e não há capacidade de armazenamento suficiente", frisou.
A consultoria citou mais cedo, durante evento em Nova York, riscos de o atraso das vendas de soja resultarem em maiores gargalos logísticos para exportações agrícolas do Brasil, uma vez que os embarques da oleaginosa poderão coincidir com o momento de pico para o açúcar, cuja produção também será grande em 2023.
(Por Roberto Samora)