Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - O Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram), no porto Itaqui, deverá elevar em 15,7% a movimentação em 2023 na comparação com 2022, à medida que tira proveito do escoamento de uma safra recorde no Brasil e de um avanço da produção na região do Matopiba, disseram executivos do consórcio nesta quinta-feira à Reuters.
A previsão é atingir embarques de 15,5 milhões de toneladas de grãos em 2023, principalmente soja e milho, volume muito perto da capacidade do porto, disse o diretor-executivo do Tegram, Randal Luciano.
Até o momento no ano, o Tegram já embarcou 14,3 milhões de toneladas de grãos, revelou ele, superando as 13,4 milhões de toneladas de todo o ano passado.
Os resultados consolidam o Tegram como o principal terminal de exportação de grãos do Norte/Nordeste do país, o que ajudou a reduziu os gargalos logísticos dos portos do Sul e Sudeste que se acentuaram com a grande safra.
"Todos os corredores de exportação estão estrangulados", disse o diretor de Logística de Grãos e Oleaginosas da Viterra no Brasil e atual presidente do consórcio do Tegram, André Campos, chamando a atenção para os portos no Brasil que operam perto da capacidade máxima.
Ele destacou que, com a safra recorde, os investimentos realizados no Tegram mostraram sua importância e lembrou que o consórcio de empresas sócias, que inclui a CLI, NovaAgri, Viterra e ALZ Terminais (formado por Louis Dreyfus, Amaggi e Zen-Noh Grain), já está buscando aprovação para ampliação da capacidade do terminal.
"O crescimento da produção de grãos na região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) surpreendeu a nós mesmos, que somos investidores", disse ele.
Marcos Pepe Bertoni, diretor de operações da CLI, uma das consorciadas e próximo presidente do consórcio, concorda, lembrando que há alguns anos não havia consenso de que o Tegram demandaria expansão.
Os resultados deste ano, contudo, parecem ter fortalecido a ideia de que uma ampliação da capacidade seria importante para o Tegram acompanhar o crescimento da produção nacional e da nova fronteira do Matopiba.
E em outubro o consórcio anunciou que planeja investimentos de 1,6 bilhão de reais que levariam a um aumento estimado na capacidade de movimentação de 8,5 milhões toneladas de grãos por ano. Cada um dos quatro grupos que integram a sociedade investiria 400 milhões de reais.
A expectativa é de que as obras da terceira fase do projeto sejam concluídas no segundo semestre de 2026, o que permitira operar já com a safra de 2027, caso o Tegram receba aprovação do projeto pelas autoridades esperada para o primeiro semestre do ano que vem.
Para realizar os investimentos, o consórcio negocia com o governo a renovação antecipada do contrato, o que permitiria aumentar o prazo da concessão por mais 25 anos.
Embora entre os sócios do Tegram existam algumas empresas negociantes de grãos, o terminal vem operando cargas de 23 tradings, o que confirma o sucesso do modelo de gestão do consórcio, disse Luciano.
A ideia é ampliar a capacidade para operar com "múltiplos produtos", afirmou Campos, que disse que o grupo avalia que no futuro o Brasil poderá exportar maiores volumes de sorgo e trigo, além de soja e milho.
Segundo executivos, atualmente o Tegram recebe quase 60% das cargas de grãos via modal rodoviário, enquanto o restante chega de ferrovia, operada pela VLI.