PRAGA/BERLIM (Reuters) - Há um jogo de gato e rato entre a Europa e a Rússia acerca de suprimentos de gás à medida que o inverno aumenta a demanda por aquecimento no continente.
Desde setembro, a estatal russa Gazprom (MM:GAZP) tem fornecido menos que o solicitado à Polônia, a Eslováquia, a Áustria e a Hungria --depois que a União Europeia começou a enviar gás à Ucrânia--, em um claro aviso de Moscou antes da temporada de aquecimento trazida pelo inverno, que começa oficialmente nesta quarta-feira, quando a indústria passa a cobrar preços mais altos.
"Ninguém deveria ser surpreendido pelas ações da Rússia. Eles querem manter a pressão sobre a Ucrânia... no início da temporada de aquecimento", disse Michael LaBelle, especialista em gás da Universidade Centro-Europeia em Budapeste.
A Rússia é o maior fornecedor de gás natural da Europa, atendendo a quase um terço da demanda anual e, em troca, a Gazprom recebe cerca de 80 bilhões de dólares em receitas anuais de seus consumidores europeus, que corresponde à maior parte de seus rendimentos.
Embora analistas não vejam a situação até agora como o início de uma "guerra de gás", eles concordam que é um alerta à Europa de que a Rússia está preparada para retaliar caso Bruxelas imponha mais sanções contra Moscou por sua intervenção na Ucrânia.
"As reduções de exportação da Rússia podem na verdade acabar se mostrando bastante inofensivas. Mas o fato de que não avisaram a ninguém com antecedência mostra que ninguém deve acreditar em uma explicação que receba, e isso por si só é prejudicial", disse o embaixador de segurança energética tcheco, Vaclav Bartuska.
Ele acrescentou que seria tolice esperar que o gás flua normalmente através da Ucrânia durante o inverno europeu.
(Por Michael Kahn e Vera Eckert)