Por Barani Krishnan
Investing.com - Os touros do petróleo conquistaram a oitava semana seguida de ganhos após o Brent atingir US$ 85 por barril, aproximando-se da expectativa de Wall Street de US$ 90, enquanto as fortes vendas do varejo nos EUA e um mercado de capitais em recuperação alimentaram o apetite por risco, apesar da explosão da inflação.
As notícias de que a China cortou as cotas de importação de petróleo bruto para refinadores independentes, em conjunto com os dados de estoque dos EUA de quinta-feira, apontando para uma terceira semana consecutiva de acúmulo nos estoques de petróleo, foram deixadas em segundo plano.
O destaque foi para o anúncio da Casa Branca, na sexta-feira, de que suspenderá as restrições de viagem da Covid-19 para estrangeiros totalmente vacinados a partir de 8 de novembro, um fato que deverá impulsionar a demanda por combustível de aviação.
Outra notícia que reverbera nos ouvidos dos touros do petróleo é a estimativa da International Energy Agency, na quinta-feira, de que a crise energética geraria um déficit no mercado global de 500.000 barris por dia - que na estimativa de alguns, alcançará 700.000 bpd.
"Será necessário um conjunto de eventos para tirar este rali do preço do petróleo dos eixos: Um aumento inesperado na produção por parte da Opep+, o hemisfério norte ser atingido por uma onda de calor e a utilização pelo governo Biden das reservas estratégicas de petróleo", disse Ed Moya, analista da plataforma de negociação online OANDA.
O petróleo WTI, negociado em Nova York e referência de preço nos EUA, fechou em alta de US$ 0,97, ou 1,2%, a US$ 82,28 por barril. No início do pregão, o WTI chegou ao pico de US$ 82,48, seu valor mais elevado desde 2014. Na semana, o WTI subiu 3,7%, e a oitava semana consecutiva de ganhos levou a referência de preço da commodity nos EUA a registrar uma escalada de 32%. No ano, o WTI apresenta alta de quase 70%.
O Brent, cotado em Londres e referência mundial de preço, fechou em alta de US$ 0,68, ou 1%, a US$ 84,86. Tanto o Goldman Sachs como o Morgan Stanley precificaram o Brent a US$ 90 antes do final do ano.
O Brent aumentou 3% na semana, com a sexta semana consecutiva de ganhos que resultou em um avanço acumulado de quase 17%. No ano, o Brent apresenta alta de 64%.
O mais recente rali do petróleo ocorreu na sequência dos números de vendas no varejo dos EUA em setembro, divulgados pelo Departamento de Comércio na sexta-feira, terem registado um crescimento de quase 14% no ano e uma expansão mensal contínua de 0,7% desde agosto.
Os economistas acompanhados pelo Investing.com esperavam uma queda no mês de 0,2% para as vendas no varejo em setembro em função de desafios da pandemia, especialmente a inflação com o aumento dos preços das commodities, lideradas pelo petróleo.
Mas quase todo setor chave da economia registrou vendas positivas no mês passado, mostrando-se promissor às vésperas da temporada de compras de fim de ano entre outubro e dezembro, quando acontecem Halloween, Dia de Ação de Graças e Natal.
As vendas mais altas no varejo estenderam os ganhos no S&P 500, que já havia tido o seu melhor dia em sete meses no pregão anterior. O principal índice de ações dos EUA resistia a um rali por quase duas semanas antes da quinta-feira, com temores de que o rali no petróleo e em outras commodities estava alimentando uma inflação fora de controle.
Enquanto isso, o noticiário revelou que a China havia diminuído as cotas de importação de petróleo bruto para refinadores independentes, numa medida para reduzir a crescente influência destes agentes no mercado de petróleo.
De acordo com a Reuters, a mais nova cota de importação imposta por Pequim para as refinarias independentes é de 14,89 milhões de toneladas. Isto traz o total do ano para 177,14 milhões de toneladas, contra 184,55 milhões de toneladas em 2020. Normalmente, isso seria uma notícia bearish para o petróleo. Mas, como observou Irina Slav, da OilPrice: "Há tanta coisa acontecendo a favor dos touros que é provável que o efeito do que equivale a um declínio futuro nas importações chinesas de petróleo seja temporário".
Também na quarta-feira, a Energy Information Administration informou que os estoques de petróleo bruto dos EUA subiram 6,09 milhões de barris na semana encerrada em 8 de outubro, na sequência dos acúmulos anteriores de 2,35 milhões e 4,58 milhões de barrias nas duas semanas anteriores.
O aumento veio enquanto a atividade semanal de refino nos EUA permaneceu de maneira teimosa abaixo dos 90% de capacidade típicos para esta época do ano, notoriamente em razão dos preços de WTI - que mesmo algumas refinarias acham que subiram muito, e muito rápido.