Por Geoffrey Smith
Investing.com – O contratos futuros do trigo registravam alta de 5,5% às 8h30 de Brasília nesta segunda-feira na Europa, após a Rússia se retirar de um acordo patrocinado pela ONU para permitir a passagem segura das exportações ucranianas pelo Mar Negro.
O contrato mais ativo do grão na plataforma de negociações eletrônicas da CME chegou a atingir US$ 889 por bushel, antes de ceder parte dos ganhos e ser negociado a US$ 874,10.
A Rússia suspendeu sua participação no acordo, intermediado pela Turquia durante o verão, após drones marítimos ucranianos atacarem a frota russa no Mar Negro ancorada no porto de Sevastopol, na Crimeia, no fim de semana.
O acordo permitia que a Ucrânia exportasse mais de 9 milhões de toneladas de produtos agrícolas a partir de seus portos desde que entrou em vigor há três meses, o que teve um efeito significativo no equilíbrio geral do mercado global. A Rússia e a Ucrânia responderam por cerca de 30% das exportações mundiais do grão no ano passado, e a guerra entre os dois países ameaçou restringir seu fornecimento a alguns dos países mais pobres do mundo.
Os preços mundiais recuaram quase 30% desde que se iniciou a especulação de um acordo, e sua suspensão agora representa um risco de drástica reversão nos preços não apenas do trigo, mas também do milho, das sementes de girassol e do petróleo.
Ole Hansen, estrategista do Saxo Bank, apontou, em uma nota matinal aos clientes, que a suspensão não poderia ocorrer em um momento pior para os mercados: dados da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities sugerem que os gestores financeiros vinham assumindo cada vez mais posições vendidas no grão nas últimas semanas, haja vista que as posições líquidas de venda nos futuros do trigo em Chicago atingiram a máxima de 28 meses na semana até a última terça-feira.
Os futuros do milho chegaram a subir 2,8%, até a máxima de duas semanas de US$ 698,75 por bushel, enquanto a soja nos EUA avançava 0,9%.
A capacidade da Ucrânia de atacar a frota da Rússia em sua base de operações representa um novo embaraço para o Kremlin, após renunciar à iniciativa de avançar no campo de batalha até Kiev. Canais ucranianos, citando filmagens não verificadas de drones, alegaram que a fragata Admiral Makarov foi gravemente danificada no ataque. Trata-se da mais importante embarcação da frota do Mar Negro desde que o Moskva foi afundado por um ataque de mísseis ucranianos em abril.