Por Casey Hall e Bernard Orr
XANGAI/PEQUIM (Reuters) - As regiões do interior da China, com recursos escassos, estão correndo para reforçar as instalações médicas antes que milhões de trabalhadores industriais voltem para casa no feriado do Ano Novo Lunar no próximo mês, vindos de cidades onde a Covid-19 está aumentando.
Depois de impor a política sanitária mais rígida do mundo por três anos, com bloqueios e testes massivos, a China reverteu o curso este mês para tentar conviver com o vírus, deixando seu frágil sistema de saúde sobrecarregado.
O afrouxamento das restrições, após protestos generalizados contra eles, significa que a Covid-19 deve estar se espalhando sem controle e infectando milhões de pessoas por dia, de acordo com alguns especialistas de saúde internacionais.
A China relatou oficialmente uma nova morte por Covid-19 na quarta-feira, abaixo das três na terça-feira, mas governos estrangeiros e muitos epidemiologistas acreditam que os números são muito maiores e que mais de 1 milhão de pessoas podem morrer no próximo ano.
Na cidade de Chengdu, no sudoeste do país, as funerárias estavam lotadas até tarde da noite de quarta-feira, com um fluxo constante de carros entrando em uma delas fortemente vigiada por seguranças.
Hospitais e funerárias nas grandes cidades estão sob intensa pressão, mas a principal preocupação sobre a capacidade do sistema de saúde de lidar com a situação está concentrada no interior.
A cada ano, centenas de milhões de pessoas, a maioria trabalhando em fábricas próximas às costas sul e leste, retornam ao campo para o Ano Novo Lunar, que começa em 22 de janeiro.
O jornal estatal China Daily informou que as regiões rurais estão reforçando suas capacidades médicas.
O veículo relatou que um hospital em uma área rural da Mongólia Interior, onde vivem mais de 100 mil pessoas, estava buscando financiadores para um contrato de mais de 1,9 milhão de iuanes (272 mil dólares) para melhorar enfermarias em suas unidades de tratamento intensivo.
Em dezembro, as licitações feitas por hospitais para equipamentos médicos importantes foram duas a três vezes maiores do que nos meses anteriores, de acordo com uma análise da Reuters, sugerindo que os hospitais estão lutando para suprir a escassez.
(Reportagem adicional de Martin Quin Pollard em Chengdu)