SÃO PAULO (Reuters) -A previsão do Instituto Butantan de liberação pelo governo da China de um novo lote do insumo farmacêutico da CoronaVac na quinta-feira não irá se concretizar, e não há data prevista para que os chineses liberem a exportação dos insumos da vacina contra Covid-19 do laboratório chinês Sinovac (NASDAQ:SVA) para envase no Brasil, disse o presidente do Butantan, Dimas Covas, nesta quarta-feira.
"Até o final da semana passada a gente tinha a perspectiva de autorização para exportação até o dia 13, e na reunião da manhã --nós mantemos uma reunião diária com o vice-presidente da Sinovac-- essa previsão não vai se cumprir", disse Covas em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo do Estado de São Paulo, ao qual o Butantan é vinculado.
"Portanto, nós não temos data neste momento prevista para essa autorização", acrescentou.
Na mesma entrevista, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse que conversou nesta quarta-feira com o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, e recebeu dele a promessa de que reiterará junto ao Ministério das Relações Exteriores chinês em Pequim o pedido pela liberação do IFA da CoronaVac.
Doria afirmou ainda que o governo federal deveria pedir desculpas públicas ao governo da China por declarações recentes contrárias ao país asiático feitas por autoridades como o presidente Jair Bolsonaro. O governador, que é desafeto de Bolsonaro, atribui o atraso na liberação do IFA por Pequim ao que chama de "mal-estar diplomático" causada pelas declarações do presidente e de outras autoridades contra a China.
"O embaixador Wanming me disse que voltará a falar amanhã com a chancelaria chinesa em Pequim renovando o apelo para que haja a liberação dos insumos que estão prontos no laboratório Sinovac, são 10 mil litros de insumos, suficientes para cerca de 18 milhões de doses da vacina", afirmou Doria.
Mais cedo, o governador disse que na sexta-feira o Butantan entregará 1 milhão de doses da CoronaVac ao Ministério da Saúde e, após isso, não terá mais IFA para processar e terá de paralisar a produção. Disse ainda que a falta de insumos pode levar o Butatan a rever a previsão de totalizar a entrega de 100 milhões de doses da CoronaVac ao Ministério da Saúde até o final de setembro.[nL1N2MZ138]
Após a entrega prevista para sexta-feira, o Butantan terá concluído a entrega de 47 milhões de doses da CoronaVac ao Programa Nacional de Imunização (PNI) do Ministério da Saúde. Segundo dados da pasta, 72,7% das doses aplicadas na campanha nacional de vacinação contra Covid-19 no Brasil foram da CoronaVac, que está sendo envasada pelo Butantan.
(Reportagem de Eduardo SimõesEdição de Alexandre Caverni)