Por Anna Mehler Paperny
TORONTO (Reuters) - O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, foi perguntado nesta sexta-feira sobre sua decisão de utilizar poderes emergenciais raramente aplicados no país para encerrar os protestos que bloquearam a capital do país no início de 2022, em uma rara aparição de um primeiro-ministro em exercício em um inquérito público.
As manifestações do chamado "comboio da liberdade" eram contrárias a medidas de saúde pública, incluindo a obrigatoriedade da vacina, e bloquearam alguns pontos de cruzamento de fronteira por semanas em janeiro e fevereiro.
Uma comissão que investiga o uso dos poderes do governo ouviu testemunhas sobre as justificativas para seu uso e os eventos que levaram a isso.
"Eu estou absolutamente, absolutamente sereno e confiante de que fiz a escolha certa ao concordar com a invocação (dos poderes emergenciais)", disse Trudeau à comissão.
Trudeau citou a ameaça de violência grave e o fato de que a polícia local não tinha um plano confiável para restaurar a ordem entre as razões que o levaram a invocar o ato, que não havia sido usado em sua forma atual desde sua criação nos anos 1980.
Defensores de liberdades civis argumentaram que o Canadá não tinha justificativa para usar o Ato Emergencial, dizendo que a polícia poderia ter liberado os bloqueios utilizando seus poderes existentes.
Trudeau disse que não teria invocado os poderes emergenciais se alguém tivesse o convencido de que a situação seria resolvido sem o uso deles.
"Nós ficávamos ouvindo que havia um plano... mas não era, nem na mais generosa das caracterizações, um plano", disse Trudeau em resposta às perguntas de um advogado da comissão.
O ato concedeu ao governo poderes temporários que normalmente não tem, incluindo a habilidade de impor restrições às reuniões públicas e de mobilizar apoio federal às polícias locais e provinciais.