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Investing.com – O bitcoin tem exibido uma notável capacidade de resistência durante o atual período de instabilidade nos mercados globais, o que, segundo a Bernstein, sugere a presença de uma base de capital mais robusta sustentando o ativo digital.
Enquanto episódios anteriores de estresse — como a pandemia e choques abruptos de juros — resultaram em quedas de até 70%, a correção atual de 26% parece moderada em comparação histórica.
Para Gautam Chhugani, analista sênior de ativos digitais na Bernstein, essa relativa estabilidade de preços indica que o bitcoin passou a contar com o suporte de um capital mais estruturado e menos sujeito a fluxos especulativos de curto prazo.
A presença crescente de investidores institucionais por meio de ETFs e estratégias corporativas de tesouraria tem sido fundamental para esse novo perfil. Esse movimento reduziu a antiga dependência dos fluxos de varejo, tradicionalmente mais voláteis.
“Mesmo com a retração recente do bitcoin, os ETFs ainda registram fluxo líquido positivo no ano, com entradas acumuladas de aproximadamente US$770 milhões”, destaca Chhugani.
O contraste com ciclos anteriores é marcante. No passado, episódios de pânico entre investidores de varejo e liquidações de mineradores altamente alavancados amplificaram quedas profundas no mercado de criptoativos.
Chhugani vê o bitcoin se comportando como uma espécie de “ouro probabilístico”, uma versão mais líquida e com maior oscilação do metal precioso, mas que cumpre função semelhante como reserva de valor em momentos de incerteza.
Apesar da correlação ainda presente com ações de tecnologia em períodos de aversão ao risco, o bitcoin vem se consolidando como um termômetro do apetite por risco nos finais de semana, quando os mercados tradicionais estão fechados.
“Acreditamos que o bitcoin funciona como o mercado de risco mais acessível e líquido fora do horário dos mercados acionários”, afirma Chhugani.
O papel dos mineradores também tem sido relevante nesse novo equilíbrio de mercado. Companhias como Marathon (NASDAQ:MARA), CleanSpark (NASDAQ:CLSK), IREN Ltd (NASDAQ:IREN) e Riot Platforms (NASDAQ:RIOT) vêm ampliando substancialmente suas taxas de hash desde 2024.
Essas empresas mantêm, segundo o relatório, estruturas financeiras saudáveis e baixa alavancagem, o que reduz a necessidade de vendas forçadas de bitcoin, blindando o mercado contra choques de oferta.
O documento também destaca o impacto das tarifas dos EUA sobre equipamentos de mineração oriundos da China, fator que pode dificultar a expansão da capacidade de processamento local. Ainda assim, os analistas apontam estratégias de diversificação e a entrada no mercado de inteligência artificial (IA) como fatores compensatórios.
“A IA representa uma via alternativa de crescimento e diversificação para os mineradores”, escreveram os analistas, mencionando os contratos firmados com empresas como a CoreWeave .
Nesse contexto, investidores acompanham se a CoreWeave Inc (NASDAQ:CRWV) conseguirá ampliar sua base de clientes além da Microsoft (NASDAQ:MSFT), e se a Core Scientific Inc (NASDAQ:CORZ) conseguirá atrair novos parceiros comerciais.
Apesar do avanço da IA no setor, a Core Scientific registra o pior desempenho no acumulado do ano entre os mineradores monitorados pela Bernstein. Já a Riot segue ampliando suas iniciativas de IA em sua unidade de Corsicana, no Texas.