Luiz Alves Jr, gestor do fundo Versa encontrou Fabrício Tota, diretor da exchange Mercado Bitcoin. Ambos participaram do programa Preconceito, organizado pelo canal Spotniks no YouTube, em edição que foi ao ar nesta quinta-feira (19).
Neste programa, duas pessoas que não se conhecem e nunca se viram devem adivinhar as principais características uma da outra. A única base que os convidados possuem é o estereótipo de cada um deles.
Dessa forma, Tota e Alves fizeram uma espécie de “avaliação às cegas” um do outro. E como não podia deixar de ser, o assunto criptomoedas fez parte dessa avaliação.
Participantes adivinham posições um do outro Ao tentar descrever o gestor, Tota disse que, em sua visão, Alves considerava o mercado de criptomoedas inútil. Em outra pergunta, na qual ele deveria adivinhar o que Alves achou do mercado na primeira vez que leu sobre, Tota afirmou: “olhou com ceticismo e que seria sério para golpes.”
Tota também deu um palpite que Alves não possui criptomoedas em seu porfólio. No entanto, a resposta de Alves foi diferente do esperado. “Eu definiria o mercado de criptomoedas como modismo, mas de nenhuma forma é inútil. Eu acho que tem suas utilidades, mas esse hype é modismo”, disse.
Nesse sentido, a resposta de Tota teve como destaque o aumento na adoção. O diretor do Mercado Bitcoin destacou que cada vez mais pessoas conhecem e adquirem criptomoedas. Logo, o potencial de crescimento do mercado é cada vez maior.
Por outro lado, Alves afirmou que ao ouvir falar do Bitcoin pela primeira vez, considerou o mercado “inovador e complicado”. O CEO disse que dedica parte de seu tempo estudando as criptomoedas e, especialmente, a tecnologia blockchain.
“A minha impressão foi (…) inovador, interessante e complicado. O meu processo de descoberta foi bastante intenso e até hoje eu estudo sobre isso. Mas você acertou, até hoje não tenho criptomoedas. Eu não sou cético quanto a tecnologia das criptomoedas, mas sim quanto à precificação delas”, disse Luiz.
De fato, Alves é um crítico do BTC como investimento devido à volatilidade no preço da criptomoeda. Ao mesmo tempo, o gestor
“A principal vantagem das criptomoedas é a confiabilidade e imutabilidade do registro. Por isso que eu acho que a blockchain tem aplicação em registro de imóveis e outros registros.”
Tema livre rendeu boa discussão
Em seguida, o tema do programa passou a ser livre, com Alves e Tota discutindo pontos a respeito do mercado. Primeiramente, o gestor questionou Tota a respeito da escassez das criptomoedas. Alves disse que, em sua visão, a facilidade de criar novas criptomoedas faz com que elas não sejam escassas e, logo, torna difícil definir um valor para cada uma delas.
Na sua resposta, Tota esclareceu que, de fato, é possível criar diversas criptomoedas de uma vez. Porém, cada criptomoeda tem uma percepção de valor diferente. O BTC, por exemplo, é visto como mais valioso justamente por ter uma rede maior e características diferentes das outras criptomoedas.
“Por exemplo, nós dois podemos criar uma criptomoeda aqui e agora. Mas isso não significa que criamos valor, pois ninguém está atribuindo esse valor. Já o BTC possui uma rede enorme que enxerga valor”, disse.
Ou seja, o código-fonte do BTC, que pode ser replicado, de fato não possui valor em si. O valor reside da própria rede e de algumas características de cada criptomoeda, como a oferta escassa e a maior descentralização, no caso do BTC.
A questão do BTC como reserva de valor, principal crítica de Alves na maioria de suas publicações, também foi tema do encontro. Durante a entrevista, o gestor questionou Tota a respeito do BTC: afinal, como um ativo que pode cair de preço em 50% num dia consegue ser chamado de reserva de valor?
“O mercado de BTC tem apenas US$ 600 bilhões em valor, sendo que cerca de 20, 30% disso está perdido para sempre. Na verdade, ele tem características que podem ser de reserva de valor, mas ainda é um mercado pequeno e que tem grandes impactos no curto prazo”, disse.
Por fim, ambos se cumprimentaram de forma cordial. Em declaração fornecida ao CriptoFacil, Tota elogiou a conversa e disse esperar ter mudado a opinião do gestor sobre criptomoedas.
“O papo foi ótimo, de alto nível. Às vezes a pessoa que a gente enxerga nas redes sociais é bastante diferente da pessoa que a gente conhece pessoalmente. Esse foi o caso. Investir em ações e seguir determinadas escolas de investimento não necessariamente conflita em enxergar uma outra classe de ativos, ou o BTC em específico, como uma oportunidade. Não sei se dessa vez convenci o Luiz, mas tenho certeza que um dia ele ainda terá BTC.”