As criptomoedas foram o terceiro assunto de finanças mais abordados pelos influenciadores brasileiros em 2021. O resultado veio de um levantamento feito pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
O levantamento identificou 277 perfis ativos de influenciadores no país entre 6 de fevereiro e 31 de dezembro do ano passado. Destes, 21,3% abordaram o tema criptomoedas em seus vídeos. Com isso, o tema ficou em terceiro lugar, pouco abaixo de ações (24,5%) e bem acima do tema dividendos (10,6%).
De fato, o tema criptomoedas cresceu na mesma proporção que os preços desses mercado. Na primeira edição da pesquisa, a Anbima detectou 7,3 mil menções às criptomoedas. Agora, no levantamento mais recente, foram 23 mil citações. Ou seja, um crescimento de 315%.
Criptomoedas no alvo dos influenciadores – e da Anbima Com um crescimento nesta proporção, é natural que as criptomoedas tenham ganhado lugar cativo na Internet. Entre os dez maiores influenciadores de finanças no Brasil, os três primeiros já abordaram criptomoedas em seus vídeos.
Em primeiro lugar está o “Economista Sincero”, do economista Charles Mendlowicz. Em segundo, vem Nathália Arcuri, fundadora do “Me Poupe!”, seguida por Bruno Perini, do canal “Você MAIS Rico”.
Além dos influenciadores, o impacto das criptomoedas chegou até a Anbima; a entidade colocou o tema entre as prioridades do seu Plano Anual de Ação de 2022. A entidade também deve criar uma autorregulação para as criptomoedas.
De acordo com Marcelo Billi, superintendente de comunicação, certificação e educação da Anbima, a medida visa exatamente entender melhor esse novo mundo. “Queremos entender e nos aproximar desse segmento de finanças descentralizadas [DeFi]”, diz Billi.
Vale frisar que o PL 2303/2015, que regulamenta as criptomoedas no Brasil, foi aprovado essa semana no Senado. No entanto, Billi não afirmou se as regras da Anbima serão complementares ou separadas do PL.
Segmento preocupa a CVM
Um segmento que também cresceu em termos de popularidade foram os vídeos de traders, sobretudo de operações de day trade. Dos 277 influenciadores mapeados, 32 se encaixam na categoria traders.
De maneira geral, esses influenciadores mostram suas rotinas de compra e venda de ativos, inclusive criptomoedas. Alguns deles extrapolam essas operações, como o famoso caso do trader que pagou o café da manhã realizando uma operação ao vivo.
Para Billi, pessoas mal intencionadas não são uma novidade das redes sociais. A diferença é que agora eles usam a tecnologia, por meio dela, têm um alcance maior. Isso não significa que todo day trader seja mal intencionado, mas sim que os excessos desse mercado tem preocupado os reguladores.
A regulamentação já prevê regras sobre a divulgação de investimentos, mas há uma zona cinzenta no day trade. Em alguns casos, existe a suspeita de que o “influenciador digital” na verdade atua ara manipular o mercado.
Ou seja, o influenciador está posicionado num determinado papel e usa as redes sociais para “recomendar” a compra. Em seguida, quando os seguidores compram e fazem o preço subir, o influenciador vende o ativo, lucrando às custas das perdas de seus seguidores.
Na visão do superintendente, a melhor forma de combater isso é com informação. Nesse sentido, os influenciadores possuem um grande papel informativo. Com um mercado amplo e um número crescente de investidores, mais difícil é para essas atitudes ficarem impunes.