Por Geoffrey Smith
Investing.com -- A FTX está em com tudo.
A exchange de cripto de alta liquidez de Sam Bankman-Fried apareceu com destaque em mais alguns acordos na terça-feira, impulsionando a consolidação num ambiente de criptomoedas que vendo sofrendo duros golpes com a queda súbita no valor dos ativos digitais.
A FTX está atirando uma corda de salvação de US$ 250 milhões para a BlockFi, plataforma de empréstimos cripto, apenas uma semana depois de o seu CEO, Zac Prince, ter sido forçado a negar rumores de que tinha sido levado à beira da insolvência pela implosão do 3 Arrows Capital, fundo de hedge sediado em Hong Kong.
Prince tinha negado os rumores, mas reconheceu ter sido forçado a liquidar a posição de um cliente anônimo de grande porte após ele não conseguir atender uma chamada de margem. Apesar disso, a BlockFi seguiu funcionando normalmente, em contraste com vários outros credores expostos que foram forçados a suspender ou limitar os saques.
Prince disse na terça-feira que a sua exchange havia assinado um acordo com a FTX para um crédito rotativo de US$ 250 milhões. O instrumento foi desenhado para ser juridicamente subordinado aos fundos dos clientes, o que significa que, se a BlockFi tiver problemas, os clientes vão receber seu dinheiro de volta antes da FTX.
Em outra ação separada, o site The Block publicou a FTX havia concluído uma acordo pela compra da corretora de ações Embed Financial, numa negociação que irá ajudá-la a se expandir além das suas atividades centrais de criptomoedas; a FTX deverá começar a oferecer ações nos EUA no final do verão do hemisfério norte. Os termos do acordo não foram divulgados.
Se confirmado, este seria o segundo acordo da FTX em menos de uma semana. Na sexta-feira passada, ela havia concordado em adquirir a plataforma de ativos digitais Bitvo, com sede no Canadá, por um valor não divulgado.
A FTX está em uma posição melhor que a maioria para atravessar a volatilidade que atingiu com força diversas plataformas de cripto nas últimas semanas, tendo arrecadado US$ 400 milhões em capital novo em janeiro, quando foi avaliada em cerca de US$ 32 bilhões.
Em contrapartida, as últimas semanas têm sido difíceis para as plataformas com balanços mais fracos. A Celsius Network disse na segunda-feira que ainda precisava de mais tempo antes de suspender o congelamento de saques dos clientes, enquanto a Hoo Exchange, a Finblox, a AEX Global e a Babel Finance impuseram restrições com diferentes graus de severidade sobre os depósitos dos clientes.
Pelo menos cinco estados dos EUA estão investigando os incidentes que levaram ao congelamento da Celsius.
A Babel, que suspendeu os saques na sexta-feira e agora está combatendo contas falsas do Twitter tentando se passar por ela, anunciou na segunda-feira que tinha chegado a "acordos preliminares" com partes interessadas, inclusive clientes, para reagendar parte da sua dívida, aliviando a pressão de liquidez a curto prazo da empresa.
Mas, por enquanto, ainda é impossível realizar saques da Babel.
A volatilidade nos criptoativos tem sido, em grande parte, resultado das ações dos bancos centrais de todo mundo - especialmente o Federal Reserve, dos EUA - que apertaram suas políticas monetárias a fim de reduzir a inflação. Isso levou o preço do Bitcoin a cair até US$ 17.800 no fim de semana, antes de se recuperar, atingindo US$ 21.202 por volta das 15h32 de terça-feira. A criptomoeda ainda apresenta perda de mais de dois terços do seu valor em relação à máxima do ano passado. Outras altcoins tiveram perdas ainda maiores, expondo a gestão de risco inadequada de vários grandes players.