MicroStrategy (NASDAQ:MSTR) anunciou a compra de mais 660 Bitcoins (BTC), pagando US$ 37.865 de preço médio por unidade. A compra foi realizada durante um início turbulento de mês em termos do preço do BTC.
Dessa forma a empresa investiu US$ 25 milhões e superou a barreira dos 125 mil BTC sob custódia. O total vale US$ 3,8 bilhões a preços atuais. Isso significa que os BTC da MicroStrategy foram comprados a um preço médio de US$ 30.200 por unidade.
Ao mesmo tempo, o CEO Michael Saylor reforçou que a empresa segue firme na sua estratégia de longo prazo. E mais: a MicroStrategy pode apostar numa arriscada alavancagem para aumentar sua exposição em até 100%.
Empréstimo com colateral em Bitcoin
As especulações começaram quando Saylor deu uma entrevista para a Bloomberg ainda em janeiro. Um dos temas foi a queda forte do BTC naquele mês, que terminou como o terceiro pior janeiro da história em termos de preços.
Questionado sobre a exposição da MicroStrategy em BTC, Saylor insistiu que não pretende desistir de sua aposta multibilionária. Na verdade, o CEO afirmou que não pretende vender um único satoshi, apenas comprar.
Porém, Saylor foi ainda mais incisivo durante uma entrevista para Emily Chang, apresentadora da Bloomberg Technology. Além de repetir sua estratégia, Saylor disse que pode utilizar toda a sua fortuna em BTC para se alavancar ainda mais.
Atualmente, a empresa realizou várias rodadas de captação de dívida para comprar a criptomoeda, sobretudo em momentos de baixa. Com essa medida, Saylor ganhou acesso a capital com baixo custo e menor risco nas operações.
Mas o CEO destacou que a MicroStrategy pode ir além e realizar uma estratégia ainda mais agressiva. Nesse sentido, a empresa passaria a utilizar seus próprios BTC como garantia para conseguir mais empréstimos.
“Se [MicroStrategy] for mais agressiva em comprar Bitcoin, vamos olhar para várias opções de financiamento. Isso inclui tomar empréstimo oferecendo até 110 mil BTC como garantia e, depois, utilizar o valor para reinvestir em mais BTC”, disse o CEO.
Operação ousada
Atualmente, 110 mil BTC corresponderiam a cerca de 92% de todo o capital da MicroStrategy na criptomoeda. Se a empresa fosse de fato captar esse empréstimo, poderia obter até US$ 4,4 bilhões e elevar suas posições para mais de 235 mil BTC.
Todavia, esta seria uma aposta bastante arriscada, podendo até comprometer a solidez da própria empresa. Isso porque de acordo com Yahoo! Finance, a MicroStrategy possui US$ 3,93 bilhões em valor de mercado.
Em suma, a alavancagem de Saylor corresponderia a 112% do valor de toda a companhia. Sendo bem sucedido, a empresa e Saylor ficariam ainda mais ricos. Mas em caso de falha, a empresa correria até risco de falir ou ter que vender seus BTC.
Para comentar este assunto, o CriptoFácil conversou com Rafael Izidoro, CEO da Rispar, fintech brasileira que oferece crédito com garantia em BTC. Segundo o executivo, o risco de perda total é minimizado por causa da forma como as operações são realizadas.
“Mesmo no caso do Saylor — para comprar mais bitcoins — a operação estruturada é diferente de uma alavancagem. O nível de risco é muito menor ao passo que a garantia provavelmente superará o valor adicionado em algumas vezes. Assim, mesmo se o preço do Bitcoin cair (um dos riscos) a garantia ainda cobre o valor do crédito e evita liquidações”, disse.
Izidoro não realizou juízo de valor a respeito da operação de Saylor em si, mas destacou que deixar o patrimônio exposto à moeda fiduciária é um grande risco. Afinal, os riscos de perda de poder de compra por causa da alta inflação tornaram-se ainda maiores.
Por outro lado, muitos bitcoinheiros – como o próprio Saylor – se recusam a vender seus BTC. Logo, usá-lo como colateral é uma forma prática de não precisar vender e perder seu investimento. Ao mesmo tempo, o empréstimo fornece acesso ao dinheiro estatal sem a necessidade de vender BTC.