Por Marco Oehrl
Investing.com – Sam Bankman-Fried (SBF), acusado de ser um dos articuladores de uma das maiores fraudes financeiras da história dos EUA, deveria ter prestado depoimento ao Congresso americano nesta semana. Momentos antes do horário marcado, ele foi preso em sua residência nas Bahamas, o que impediu que fosse ouvido.
Embora já houvesse indicativos de que SBF não iria realizar a audiência presencialmente, ele concordou em fazê-lo via videoconferência. Isso levanta dúvidas sobre a atuação das autoridades na sua prisão.
O parlamentar republicano Warren Davidson, que também integra o Comitê de Serviços Financeiros, só tem uma explicação: os órgãos reguladores queriam que a prisão impossibilitasse a audiência.
A grande questão é que, no passado, SBF chegou a ter um relacionamento próximo com Gary Gensler, presidente da SEC, comissão de valores mobiliários dos EUA. Eles também já realizaram várias reuniões presenciais.
Isso era tão evidente que chegou inclusive a ser citado pela Ripple no processo da SEC contra a empresa. Por que SBF entrou e saiu da autarquia enquanto suas portas permaneceram fechadas para outros grandes players do setor?
Será que as relações pessoais tiveram alguma influência? Como o fato de Gary Gensler ter sido professor do MIT quando Glenn Ellison era diretor do Instituto de Economia da mesma instituição. Glenn Ellison é pai de Caroline Ellison, que foi CEO da Alameda Research, subsidiária da FTX, e desde então mantém um relacionamento intermitente com SBF.
O Dailymail divulgou um vídeo de 45 minutos no Zoom em que SBF conversa com Gary Gensler sobre o lançamento de uma nova exchange de criptomoedas, dando a impressão de que o presidente da SEC era uma espécie de assessor pessoal de SBF.
Tudo isso pode ter levado as autoridades a se antecipar aos questionamentos no Congresso, prendendo SBF. Warren Davidson está convencido disso, pois Gensler não teria qualquer controle sobre as perguntas que os parlamentares fariam, não tendo, portanto, qualquer controle sobre as respostas de SBF. Davidson declarou:
“A melhor teoria que tenho é que a SEC e outros órgãos reguladores não queriam que SBF apresentasse sua versão para a pergunta: ‘Qual era o propósito de todas aquelas reuniões e interações que você teve na SEC com Gary Gensler?”
“Ele iria apresentar seu próprio lado. As autoridades, a SEC, Gensler, entre outros, não teriam poder para filtrar as perguntas. Eles não sabiam até onde a história poderia ir. Acho que isso teve influência em relação ao momento da prisão".
O advogado John Deaton chamou isso de "perspectiva muito interessante de um membro titular do Congresso que faz parte da Comissão de Serviços Financeiros".