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Alimentos perdem fôlego e IPCA desacelera alta em agosto

Publicado 09.09.2016, 17:32
© Reuters. Consumidor observa preços em supermercado no Rio de Janeiro, Brasil

Por Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira

RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - Os preços dos alimentos desaceleraram e ajudaram a inflação oficial a perder força em agosto, mantendo a porta aberta para um corte na taxa básica de juros.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,44 por cento em agosto, após subir 0,52 por cento em julho, de acordo com dados divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Mas apesar da folga na comparação mensal, essa é a taxa mais alta para meses de agosto desde 2007, quando o IPCA subiu 0,47 por cento.

Além disso, a alta acumulada em 12 meses até agosto aumentou para 8,97 por cento, contra 8,74 por cento no período até julho, muito acima do teto da meta --de 4,5 por cento pelo IPCA, com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos.

"Mesmo com desemprego, menos demanda, menor renda e economia devagar, ainda há um resistência da inflação provocada basicamente por pressão de custos", explicou a economista do IBGE Eulina Nunes dos Santos, citando o dólar e os efeitos do clima sobre os alimentos.

O resultado de agosto se deveu principalmente ao grupo Alimentação e Bebidas, cujos preços subiram 0,30 por cento no mês passado, após alta de 1,32 por cento em julho.

Economistas consultados pela Reuters esperavam que o IPCA apresentasse alta de 0,44 por cento no mês e subisse 8,98 por cento em 12 meses.

FEIJÃO

O feijão-carioca, que exerceu forte pressão nos últimos meses, caiu 5,60 por cento e ajudou no alívio dos preços de alimentos. Ainda assim, acumula no ano alta de 136,57 por cento, segundo o IBGE.

Artigos de Residência, com alta de 0,36 por cento; Transportes, com avanço de 0,27 por cento; e Comunicação com recuo de 0,02 por cento, também apresentaram desaceleração em agosto.

Na outra ponta, os grupos Educação e Despesas Pessoais, com altas de respectivamente de 0,99 e 0,96 por cento, apresentaram as taxas mais elevadas no mês.

Na semana passada, o Banco Central manteve a taxa básica de juros em 14,25 por cento ao ano --mesmo patamar há mais de um ano-- e todos os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) mostraram satisfação com o progresso nas perspectivas de desinflação.

© Reuters. Consumidor observa preços em supermercado no Rio de Janeiro, Brasil

Na ata da reunião, eles deixaram claro que a decisão sobre a redução nos juros básicos não levará em conta um único fator, abrindo o caminho para um corte na Selic já no próximo mês.

"A esperada reversão do choque da alta de alimentos deve contribuir para melhorar o equilíbrio de riscos para a inflação e permitir que o banco central comece a gradualmente afrouxar a postura monetária antes do final do ano", disse em nota o diretor de pesquisa econômica do Goldman Sachs para América Latina, Alberto Ramos.

Com o BC reforçando uma postura dura no combate à inflação, economistas projetam alta de 7,34 por cento do IPCA este ano mas uma forte desaceleração a 5,12 por cento em 2017, de acordo com a pesquisa Focus da autoridade monetária com uma centena de economistas.

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