Investing.com - O presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, concede entrevista coletiva para abordar medidas de combate aos efeitos do coronavírus na economia brasileira. Assista a entrevista no vídeo abaixo.
Campos Neto vai detalhar, na última quarta-feira, o corte de 0,50 ponto percentual na taxa Selic, de 4,25% para 3,75%. Outras medidas que serão abordadas são a redução da taxa do compulsório sobre recursos a prazo no valor de R$ 68 bilhões, a concessão de empréstimos a bancos com garantia em debêntures e autorização de bancos associados ao Fundo Garantidor de Crédito (FGC) a captar depósitos a prazo com garantia especial. As duas últimas medidas foram tomadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), do qual o BC faz parte.
Ata do Copom
A autoridade monetária reconheceu que a retração da demanda por conta do coronavírus tem efeito que tende a ser "bastante significativo" para a política monetária por conta do impacto na economia e que, para compensá-lo, seria necessário cortar os juros para além da redução de 0,5 ponto levada a cabo na semana passada.
Mas, em ata do Comitê de Política Monetária (Copom) publicada nesta segunda-feira, o BC apontou que o cenário para os juros estruturais é outro com a disseminação do Covid-19, o que justificou sua opção por indicar que o novo patamar da Selic, de 3,75%, é adequado por ora.
"A possível interação entre a deterioração do cenário externo, com frustrações em relação à continuidade das reformas e possíveis alterações de caráter permanente no processo de ajuste das contas públicas, pode ameaçar a queda dos juros estruturais observada nos últimos anos", trouxe a ata.
"Em vista dessa percepção, o Comitê ponderou que uma redução da taxa básica de juros além de 0,50 ponto percentual poderia tornar-se contraproducente e resultar em apertos nas condições financeiras, com resultado líquido oposto ao desejado", acrescentou.
A publicação da ata com mais pistas sobre a visão do BC foi adiantada para esta segunda-feira, sendo que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, participará de coletiva virtual de imprensa às 9h. Usualmente, a ata é publicada na terça-feira seguinte à decisão do Copom.
Redução do compulsório
O Banco Central reduziu nesta segunda-feira a alíquota do compulsório sobre recursos a prazo de 25% para 17%, prevendo uma liberação de 68 bilhões de reais na economia a partir do dia 30 de março.
Em nota, a autoridade monetária ressaltou que a investida é temporária e integra conjunto de ações para minimizar os impactos do coronavírus sobre a economia brasileira.
Em 20 de fevereiro, o BC já havia anunciado uma redução do recolhimento compulsório dos bancos sobre depósitos a prazo e um ajuste em regra de exigência de liquidez das instituições que juntos abriram caminho para liberação de 135 bilhões de reais, valendo a partir de março.
Medidas do Conselho Monetário Nacional
O Conselho Monetário Nacional (CMN) autorizou nesta segunda-feira o Banco Central a conceder empréstimos a instituições financeiras garantidos em debêntures adquiridas entre 23 de março e 30 de abril de 2020, buscando prover liquidez ao mercado secundário de dívida coorporativa, afetado pelo surto do coronavírus.
Em nota, o BC afirmou que esta será uma Linha Temporária Especial de Liquidez (LTEL), ressaltando que instrumentos desse tipo têm sido amplamente utilizados pelos principais bancos centrais do mundo em resposta à crise desencadeada pela propagação do Covid-19.
Além disso, o CMN autorizou instituições financeiras a captarem por meio de depósitos a prazo com garantia especial do Fundo Garantidor de Crédito (FGC).
Segundo o BC nesta segunda-feira, essa modalidade de depósito a prazo é garantida pelo FGC até o limite de 20 milhões de reais por titular e foi um instrumento usado com sucesso para "dar liquidez ao mercado no momento de estresse provocado pelos efeitos da crise mundial de 2008 no Brasil".
O chamado DPGE1 deve ter valor mínimo de emissão de 1 milhão de reais e prever prazo mínimo de 12 meses e máximo de vinte e quatro meses, sendo vedado o resgate antecipado.
O BC disse ainda que as instituições estão autorizadas a captar em DEPG1 o valor equivalente ao seu patrimônio líquido, limitado a 2 bilhões de reais por conglomerado, sendo que as emissões poderão ocorrer até o início de 2022.
*Com Reuters