Por Balazs Koranyi e Francesco Canepa
FRANKFURT (Reuters) - O Banco Central Europeu vai apresentar novas medidas de estímulo nesta quinta-feira para impulsionar o bloco monetário afetado pela recessão por tempo suficiente para que a vacina contra o coronavírus seja distribuída e a economia comece a melhorar.
Já tendo prometido novas medidas de suporte, somente os detalhes do pacote não são conhecidos, mas o básico já está claro: os custos de empréstimo permanecerão perto de zero por anos para que governos e empresas possam sair de sua maior recessão na história recente.
O desafio do BCE será equilibrar a crescente gama de riscos de curto prazo contra a melhora das perspectivas de longo prazo, indicando que seu movimento será grande mas sem o impacto de "choques e pavor" de medidas anteriores de combate a crises.
"Com as notícias positivas em termos de desenvolvimento de vacina, a Europa está começando agora a ver a luz no fim do túnel", escreveu em nota a Oxford Economics. "Entretanto, o cenário de curto prazo permanece extremamente desafiador, com o PIB da zona do euro provavelmente contraindo no quarto trimestre."
Por enquanto, a zona do euro está enfrentando um choque triplo: segunda onda da pandemia, perspectiva de um Brexit duro e impasse político sobre o fundo de recuperação de 750 bilhões de euros da União Europeia.
Mas os três são considerados choques temporários, com a questão política devendo ser resolvida e a pandemia diminuindo até a primavera no hemisfério norte, deixando o BCE com a tarefa de comandar o bloco por um inverno difícil.
A economia também se recuperou surpreendentemente rápido depois da primeira onda de lockdowns por conta do coronavírus, sugerindo mais resiliência do que previsto nos modelos econômicos. Novas projeções podem indicar crescimento mais lento em 2021 mas perspectivas melhores para 2022, deixando a trajetória de crescimento geral pouco alterada.
Nas semanas anteriores à reunião desta quinta-feira, a presidente do BCE, Christine Lagarde, deixou claro que um Programa de Compras Emergenciais de Pandemia (PEPP) maior e mais empréstimos de longo prazo subsidiados para bancos formarão a base das medidas, mesmo que outras sejam possíveis.
Economistas consultados pela Reuters esperam que o PEPP de 1,35 trilhão de euros seja ampliado em ao menos 500 bilhões e que sua duração seja prorrogada em seis meses, até o fim de 2021, com os riscos voltados a uma prorrogação mais longa.