O clima seco no País afeta diversas culturas agrícolas e contribui para uma alta superior a 6% nos preços dos alimentos neste ano. Porém, as perspectivas para a próxima safra de grãos seguem positivas, o que indica um quadro mais benigno para a inflação no ano que vem.
A observação é feita em relatório do departamento de pesquisas e estudos econômicos do Bradesco (BVMF:BBDC4), que observa que, embora a inflação da alimentação no domicílio deva encerrar o ano acima de 6%, o cenário para 2025 é de arrefecimento, dada a expectativa de recorde, puxado por soja e arroz, na próxima safra de grãos.
Por outro lado, o Bradesco pondera que o aumento esperado nos preços de carne bovina tende a limitar a desinflação de alimentos. Considerando a elevação da arroba do boi, a projeção é de alta de 4,5% aos preços de alimentos no próximo ano.
Em relatório assinado pelas analistas Mariana Freitas e Priscila Trigo, é observado que, além dos impactos da seca na safra atual, a demanda doméstica se mostrou mais aquecida do que o antecipado. Em paralelo, o câmbio teve depreciação de cerca de 12% neste ano. As queimadas em São Paulo, comentam, tiveram efeitos pontuais na produção, com maior impacto no mix produtivo da cana do que pressões altistas em preços. A cana queimada tende a ser direcionada para etanol, minimizando as perdas ao produtor.
Ao analisar também o menor volume de chuvas nos reservatórios do sistema elétrico, que estão com cerca de 50% da capacidade, e expectativa de recuo para 40% até o fim do ano, o Bradesco considera que o nível não é tão crítico quanto em 2021. Há, contudo, um impacto no custo, pois o operador do sistema (ONS) optou por mais despacho térmico para preservar o armazenamento hidráulico.
No caso do saneamento, pontuam as analistas do Bradesco, não parece haver risco de abastecimento apesar da seca em São Paulo. Os dados da Sabesp (BVMF:SBSP3) indicam uma redução dos reservatórios, mas os principais mananciais ainda estão com armazenamento acima da média histórica, observam.