(Reuters) - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou na noite desta terça-feira que é difícil dizer onde o ciclo de redução da taxa básica Selic vai terminar, mas reforçou que o corte de 0,50 ponto percentual é o apropriado para as duas próximas reuniões de política monetária, em dezembro e em janeiro.
“Agora iniciamos o processo de cortes das taxas. É difícil dizer a você onde isso vai terminar, creio que isso depende de vários diferentes fatores, mas acho que o Brasil está fazendo certo. Estou confiante de que seremos capazes de estabilizar a inflação”, afirmou Campos Neto durante entrevista ao canal asiático da Bloomberg TV.
“A única coisa que podemos dizer é que o corte de 0,50 ponto é o apropriado a seguir nas próximas duas reuniões. Depois disso, irá depender de várias coisas”, acrescentou.
Os comentários de Campos Neto surgem em um momento em que o mercado brasileiro projeta, de forma majoritária, dois cortes de meio ponto percentual da Selic, em dezembro e em janeiro, em sintonia com as comunicações recentes do próprio BC. Atualmente, a Selic está em 12,25% ao ano.
No mercado financeiro, a dúvida é exatamente sobre qual será a Selic terminal -- ou seja, qual será a taxa básica quando o BC encerrar o atual ciclo de cortes.
Na entrevista, Campos Neto afirmou que o BC pode continuar baixando a taxa básica e que a inflação no Brasil está bem comportada. No entanto, sinalizou que os cortes nas reuniões após janeiro dependerão de fatores como a situação geopolítica global e os preços do petróleo.
Campos Neto pontuou ainda que a economia brasileira tem visto revisões ascendentes de crescimento, ainda que os juros sigam em patamares altos. Além disso, afirmou que o fluxo de dólares para o Brasil tem sido forte, citando o bom desempenho da agricultura.
EQUILÍBRIO FISCAL
Sobre a área fiscal, Campos Neto lembrou que há medidas de interesse do governo que precisam passar no Congresso, mas defendeu que o Brasil está em boa situação. Segundo ele, o governo tem disposição para seguir a meta fiscal.
Campos Neto também voltou a repetir que não há uma “relação mecânica” entre o fiscal e o monetário.
“Se o mercado tiver a percepção de que o fiscal está ficando fora de controle ou está sendo perdido de novo, então o BC tem que agir novamente”, explicou.
(Por Fabrício de Castro)