Por Senad Karaahmetovic
Investing.com - Como era esperado, o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) aumentou a taxa básica de juros em 25 pontos-base em sua primeira reunião do ano. Com isso, o Fed reduziu o ritmo de elevações, após subir as taxas em 50 pb em dezembro e 75 pb em cada uma das quatro reuniões anteriores.
Mesmo assim, os investidores ficaram otimistas após o anúncio do Fomc, comitê de política monetária dos EUA, após o presidente do Fed, Jerome Powell, dizer que o banco central estava vendo sinais de queda da inflação.
“Já podemos dizer, pela primeira vez, que o processo de desinflação começou”, afirmou Powell na coletiva de imprensa que se seguiu à reunião do Fomc.
O que dizem os analistas de Wall Street?
Apresentamos abaixo a opinião de alguns dos principais estrategistas de ações de Wall Street sobre o anúncio do Fomc e o pronunciamento de Powell.
Estrategistas da Vital Knowledge: “A decisão de quarta-feira foi o oposto da de dezembro, já que, após o anúncio, a coletiva de imprensa teve um tom relativamente mais ameno. Acreditamos que duas partes da coletiva merecem destaque: 1) a linguagem de Powell para descrever a desinflação ("podemos dizer que o processo de desinflação já começou”, o que é “bem-vindo, encorajador e gratificante”) e 2) o fato de Powell não ter advertido os mercados quanto à flexibilização das condições financeiras nas últimas semanas".
Estrategistas da Wolfe: “Acreditamos que o tom adotado pelo presidente do Fed, Jerome Powell, iria ser mais duro do que o esperado. Estávamos completamente errados! Embora ele tenha dito que era improvável haver um corte de juros neste ano, o mercado continuará não acreditando nele. A mensagem bastante amena de Powell deve promover os mercados acionários dos EUA no curto prazo. Basicamente, o mercado testou Powell e ouviu o que queria”.
Estrategistas do Citi: “Os mercados interpretaram que a reunião adotou um tom ameno, mas acreditamos que foi mais para o neutro, já que Powell sinalizou que a redução da inflação básica não mudou o cenário-base do Fed de mais duas altas de 25 pb. Continuamos acreditando que os dados de inflação virão mais fortes e esperamos mais três altas de 25 pb".
Estrategistas do Morgan Stanley (NYSE:MS): “O processo desinflacionário já está ocorrendo e, em conjunto com o enfraquecimento do mercado de trabalho, nossa expectativa é que o Fed faça uma interrupção. Esperamos que haja uma revisão para baixo na mediana da projeção do Comitê para o núcleo do PCE, o que também abriria espaço para ajustes para baixo no gráfico de pontos”.
Estrategistas do Deutsche Bank: “Embora o presidente Powell não tenha reafirmado explicitamente o gráfico de pontos [projeções] de dezembro, interpretamos que seus comentários gerais – inclusive a referência a “mais algumas” elevações de juros e a necessidade de ver “evidências muito maiores para ter confiança de que a inflação está em uma trajetória sustentada de queda” – sinalizam para uma taxa terminal de 5,1%, que seria o cenário-base do Comitê".
Estrategistas do HSBC: “Nossa previsão é que o Fomc só realizará mais uma alta de juros de 25 pb, com os riscos inclinados para cima. Depois de passado o risco do Fed de fevereiro, pode ser tentador ir com tudo nas ações e outros ativos de risco. Mas é preciso ter cuidado, já que o Banco Central Europeu pode adotar um tom mais rígido logo à frente”.
Estrategistas do Wells Fargo: “Consideramos que o Fomc elevará as taxas básicas de juros em 25 pontos-base em cada uma das próximas duas reuniões. Devemos ressaltar, no entanto, que não temos um nível muito elevado de convicção a respeito da quantidade exata de aperto que o Comitê precisará realizar. Temos um grau maior de convicção em relação ao fato de que a política monetária precisará continuar restritiva por algum tempo para trazer a inflação de volta para 2%. Prevemos que o Fomc não começará a flexibilizar a política até pelo menos o início de 2024.”
Estrategistas do Goldman Sachs: “Avaliamos a mensagem geral da reunião de ontem como consistente com a nossa previsão de mais dois aumentos de 25 pontos-base em março e maio. Nossa projeção é que o pico das taxas será de 5-5,25%, ou seja, levemente acima da precificação do mercado, que caiu 3 pb ontem, para 4,93%.”