Liquidação ou Correção de Mercado? Seja como for, aqui está o que fazer em seguidaVejas ações caras

Controle da inflação é incipiente e BC discutirá ajuste residual nos juros, diz Serra

Publicado 06.09.2022, 11:04
Atualizado 06.09.2022, 12:35
© Reuters
BBDC4
-

Por Bernardo Caram

BRASÍLIA (Reuters) - O processo de controle inflacionário no Brasil ainda é bem incipiente e o Banco Central discutirá um possível ajuste residual na taxa básica de juros em sua próxima reunião de política monetária este mês, disse nesta terça-feira o diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra.​​

Em videoconferência promovida pelo Bradesco (BVMF:BBDC4) Asset Management, Serra afirmou que “fomos tão surpreendidos” durante o atual ciclo de aperto monetário que é necessário ter cautela na decisão de encerrar o processo de alta nos juros, enfatizando não saber se já é possível dizer que o panorama inflacionário está se revertendo globalmente e no Brasil.

"A gente viu um mês mais baixo de inflação com medidas do governo que ajudaram a cair preços de combustível e itens essenciais em geral, tem sinais de descompressão lá fora na inflação de bens que ainda não se mostraram em todos os lugares nos índices de inflação. Eu diria que o processo ainda está bem incipiente, a gente acabou de subir juro na última reunião e temos discussão na próxima reunião sobre, eventualmente, algum ajuste residual", disse.

Serra explicou que o BC já havia embutido em seus modelos, na reunião de agosto, uma previsão de que a inflação corrente cairia com mais força do que o esperado pelo mercado, o que, na prática, implicaria um cenário mais restritivo, afirmou, em referência ao juro real mais alto.

Em sua última reunião, o Comitê de Política Monetária elevou a taxa de juros em 0,5 ponto, a 13,75% ao ano, e disse que avaliaria a necessidade de um ajuste residual em sua próxima reunião --em 20 e 21 de setembro--, mas o mercado vinha avaliando que o ciclo de aperto já estava encerrado.

Na noite de segunda-feira, o presidente do BC Roberto Campos Neto já havia adotado um tom mais duro ao afirmar explicitamente que o BC não está pensando em queda de juros, e sim em fazer a inflação convergir às metas.

Ao afirmar que o mercado tenta antecipar discussões sobre eventual início de recuo na taxa Selic, Serra afirmou que parece inconsistente discutir queda de juros enquanto as projeções de inflação se encontram acima da meta para 2024, atual foco do horizonte relevante de política monetária.

"A expectativa para 2024, em particular, me incomoda, a gente está desancorado do centro da meta", disse. "O BC tem que manter uma postura bastante cautelosa alguns trimestres pela frente, permanecer vigilante", disse.

Em 2024, a meta central estabelecida para o IPCA é de 3,0%. O último boletim Focus, com projeções de analistas, aponta para uma alta de 3,43% no período, acima dos 3,30% previstos há um mês.

De acordo com Serra, o país ainda estava sob uma política monetária de estímulo à atividade até o segundo trimestre deste ano, quando o PIB cresceu 1,2% em relação aos três meses anteriores. Para ele, o processo começará a “apertar rápido” a partir do terceiro trimestre.

Na apresentação, o diretor do BC afirmou que, na ausência de um choque positivo sobre a inflação, "a gente precisa de alguma desaceleração da atividade econômica" para trazer a inflação de volta à meta.

OCIOSIDADE

Serra disse que os dados recentes de mercado de trabalho têm surpreendido para cima, ponderando que questiona "um pouco" a velocidade da queda do desemprego no país por conta de dificuldades para a realização de pesquisas pelo IBGE durante a pandemia.

"Não parece que aquela trajetória da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) reflete a realidade. Ou seja, não subiu tanto a taxa de desemprego e, portanto, não caiu tão rápido, talvez o processo seja um pouco mais contínuo", afirmou.

Apesar do questionamento, Serra disse que o BC está debatendo o grau de ociosidade da economia --medida que pode pressionar a inflação quando está em processo de redução. Segundo ele, o mercado de trabalho sugere não estar tão apertado quanto estava antes de 2015, "mas já está em nível que requer atenção".

"Se a gente descobrir que a ociosidade é menor do que a gente imaginava, o processo de desinflação, em particular no horizonte mais longo, em 2024, vai ser um pouco mais difícil", disse.

PREOCUPAÇÕES GLOBAIS

Serra afirmou que o ajuste no exterior, com economias avançadas iniciando ciclo de alta nos juros, vai gerar "sustos ao longo do processo", o que demanda que o BC fique de "guarda alta" diante do cenário desafiador.

Para ele, o processo de desaceleração da atividade nos Estados Unidos terá que ser rápido para abrir margem no mercado de trabalho --hoje apertado-- e evitar uma alta no valor dos salários, o que pressionaria a inflação.

Na avaliação do diretor, a virada de ciclo global para um cenário de desaceleração da atividade vai impactar e atrapalhar o Brasil.

© Reuters. Sede do Banco Central em Brasília
04/10/2021
REUTERS/Adriano Machado

Serra ponderou que as projeções para o PIB brasileiro no início do ano --com expectativa de crescimento próximo de zero em 2022-- eram pessimistas e cautelosas demais. Agora, o mercado espera uma alta acima de 2% no ano.

O diretor ressaltou que um risco que poderia gerar "problema por meia década" é o de economias avançadas "tirarem o pé" do processo de ajuste nos juros mais cedo que o necessário, o que poderia gerar uma resultante grave. Para ele, porém, a chance de concretização desse cenário é pequena, diante de discursos mais duros, especialmente do Banco Central dos Estados Unidos.

Outro risco apontado pelo diretor seria de um crescimento menor do que o esperado na China, o que afetaria o Brasil. Ele também citou problema grave de energia na Europa e risco de recessão no continente.

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2024 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.