Por Jessica Bahia Melo
Investing.com - Enquanto muitos países desenvolvidos estão cautelosos - no aguardo de uma possível recessão - o otimismo continua para a economia brasileira. Mas será que uma desaceleração global não deve impactar o país?
A continuidade da guerra na Ucrânia vem pressionando os preços e fez com que países tivessem que elevar as taxas de juros para controlar a demanda, o que induz a uma desaceleração econômica. Os preços das commodities, principalmente energia e alimentos, foram às alturas com o conflito. No caso da Europa, a Rússia ainda cortou o fornecimento de gás, pressionando ainda mais a inflação em meio à necessidade desse insumo, principalmente no inverno. O Banco Central Europeu já reagiu e subiu as taxas de juros para frear esse movimento.
Com isso, aumentam os receios sobre processos de desaceleração ou até de recessão. O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou que o crescimento econômico mundial vem desacelerando em meio a perspectivas sombrias e mais incertas. Nos Estados Unidos, o PIB já está negativo há dois trimestres. A demanda pós-pandemia foi muito grande, causando aumento da inflação e pressionando o Banco Central dos EUA a elevar os juros.
Nesta terça, o indicador de preços ao consumidor acima do esperado reforça a aposta de que o Federal Reserve deve continuar hawkish e elevar os juros novamente em 0,75 ponto percentual, causando volatilidade e cautela nos mercados, ao continuar uma política monetária contracionista – que tende a frear o crescimento.
Crescimento brasileiro continua?
Enquanto isso, no Brasil, o Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre avançou 1,2%, na comparação trimestral, acima da expectativa dos economistas, acumulando alta de 3,2% nos últimos 12 meses. De acordo com o último Boletim Focus, divulgado nesta segunda, 12, os economistas subiram as expectativas para o crescimento econômico em 2022 de 2,26% para 2,39%, enquanto há quatro semanas estavam em 2%. Para 2023, a previsão foi elevada de 0,47% para 0,50%. Para os anos de 2024 e 2025, as previsões foram mantidas em 1,80% e 2%, respectivamente.
Com os resultados acima do esperado na economia brasileira, instituições financeiras revisaram suas estimativas. Uma delas foi o Bank of America Corp (NYSE:BAC) (BVMF:BOAC34), que aumentou a projeção do PIB deste ano de 2,5% para 3,25%. Para o ano que vem, manteve a projeção de 0,9%.
A visão dos economistas é que as medidas de estímulo - como o aumento do Auxílio Brasil - devem continuar afetar os resultados de forma positiva, mas não se sabe ao certo por quanto tempo isso vai ser o suficiente.
Há chance de PIB negativo?
Confira no vídeo abaixo a visão dos economistas Thais Zara, da LCA; Rodrigo Leite, professor da Coppead/UFRJ e Helena Veronese, da B.Side Investimentos.