O diretor de Política Monetária e futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse nesta segunda-feira que tem ocorrido mudanças nas projeções do mercado para juro terminal em função de surpresas, durante palestra no evento Fórum Político da XP Investimentos (BVMF:XPBR31), em São Paulo. Ele salientou que, pouco tempo atrás, a discussão era sobre um juro terminal 8,5%, 9% ao ano, pelo que mostravam as respostas do mercado à instituição. "E aí os dados de atividade econômica vieram do jeito que vieram, e a gente teve essa reprecificação do jeito que veio", pontuou.
Galípolo acrescentou que, ainda que seja uma projeção muito bem feita, é uma projeção a partir dos dados que se tem hoje. "E a desgraça sobre o futuro é que o futuro só vai se revelar no futuro, então a gente precisa passar por ele para ver como é que essas coisas vão andar", brincou, atribuindo as mudanças a essas surpresas.
O outro lado, de acordo com o futuro presidente do BC, é sobre o caminho para se chegar à Selic terminal. "No Copom, a gente recebe por parte das áreas técnicas alternativas e possibilidades e caminhos para a gente conseguir chegar lá", explicou. "Acho que muito mais importante para a gente é o processo de a gente ir caminhando nessa direção correta e para onde nós temos várias maneiras de você conseguir atingir a meta de inflação", continuou.
Segundo Galípolo, qualquer tipo de fala sobre o tema agora seria inadequada, porque seria um tipo de guidance em um momento em que o Copom está aberto para ver como os dados, que vêm apresentando tanta volatilidade, vão se comportar ao longo das próximas reuniões.
"A gente toma a decisão entendendo que existem caminhos diferentes e possíveis para você acessar e com a devida humildade necessária para acessar o problema, dadas as surpresas que a gente vem enfrentando", justificou. "Então se tem uma coisa que a gente precisa ter neste momento no consumo de dados é a humildade."