Galípolo terá que assinar carta do BC sobre inflação fora da meta

Publicado 10.01.2025, 09:59
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O Banco Central terá que publicar uma carta se explicando pela inflação fora da meta em 2024. O texto é assinado pelo presidente da autoridade monetária, Gabriel Galípolo, que assumiu o cargo no início do ano depois de ser escolhido por Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O resultado oficial do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) foi divulgado nesta 6ª feira (10.jan.2025). Avançou 4,83%, acima do teto de 4,5%.

O texto é endereçado ao presidente do CMN (Conselho Monetário Nacional), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O colegiado é responsável por definir o objetivo anual para o índice de preços.

A inflação fora da meta em 2024 não é uma surpresa. Era unanimidade entre os agentes financeiros que o indicador ultrapassaria o limite permitido.

O próprio Banco Central já havia reconhecido o estouro do índice. A autoridade monetária divulgou em dezembro que a chance de terminar acima do teto era de 100%.

A determinação do CMN era que o IPCA chegasse a 3% em 2024. Porém, há um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Em outras palavras:

  • limite inferior da meta: 1,5%;
  • centro da meta: 3,0%;
  • limite superior (teto) da meta: 4,5%.

IMPACTO NOS JUROS

O objetivo para 2025 é o mesmo de 2024. Isso significa que o Banco Central terá que conduzir os juros do país com mais rigidez.

A função primordial do órgão é colocar a variação de preços no intervalo estabelecido. A ferramenta disponível para frear o indicador é o aumento do juro base, mantendo a tradição do modelo brasileiro de política monetária. O crédito mais caro desacelera o consumo e a produção. Assim, os preços não aumentam de forma tão intensa.

A taxa básica, usada para guiar as alíquotas dos empréstimos, é a Selic. Atualmente, está em 12,25% ao ano. Os planos do Banco Central é que chegue a 14,25% até março. Agentes financeiros projetam que terminará 2025 acima dos 15%.

O endurecimento na condução dos juros é defendido constantemente por Gabriel Galípolo. Por ser indicado por Lula, crítico das taxas altas durante o 3º mandato, havia uma desconfiança de que o economista fosse mais flexível com a inflação. As falas são uma forma de ganhar credibilidade.

Galípolo está no Banco Central desde 2023, quando assumiu como diretor de Política Monetária. Ele foi sabatinado no Senado Federal em 8 de outubro de 2024 para assumir como presidente. Leia abaixo o que falou na ocasião:

  • política monetária – disse que “teria coragem” de seguir uma decisão técnica caso seja pressionado pelo presidente Lula;
  • meta – defendeu que o Banco Central não participe da definição. Segundo ele, é “estranho” que a autoridade defina um objetivo que terá de cumprir;
  • inflação – a expectativa desancorada “incomoda” a autoridade, afirmou. Mencionou mais de uma vez a economia aquecida acima do esperado como uma das principais preocupações em relação ao índice de preços.

HISTÓRICO

O regime de metas começou em 1999. O Banco Central teve que explicar o descumprimento em 7 anos (2001, 2002, 2003, 2015, 2017, 2021 e 2022), sem contar o texto que virá para 2024.

Os resultados em 2021 e 2022 foram influenciados pela pandemia de covid-19. Os estímulos econômicos e fiscais levaram a um aumento dos preços com a amenização da crise sanitária.

Apesar de a carta ser assinada por Galípolo, o presidente do Banco Central em 2024 era Roberto Campos Neto. Ele cumpriu metade de suas metas de inflação.

A INFLAÇÃO

Os índices de inflação são usados para medir a variação dos preços. Ou seja, quanto vale o dinheiro de forma real. Em um resumo simplificado, um produto que custava R$ 100 passa a custar R$ 110 se a variação ampla foi de 10,0%.

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