Brasil vai recorrer de decisão dos EUA sobre tarifa em instâncias devidas, diz Haddad

Publicado 31.07.2025, 08:31
Atualizado 31.07.2025, 10:21
© Reuters. Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no Palácio do Planalton 1/7/2025   REUTERS/Adriano Machado

(Reuters) - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quinta-feira que o governo brasileiro vai recorrer da decisão dos Estados Unidos na véspera de impor tarifa de 50% sobre o Brasil nas instâncias devidas, seja em território norte-americano ou em organismos internacionais.

Falando a repórteres em Brasília, Haddad também afirmou que o plano de contingência do governo para fazer frente à tarifa de dos EUA será recalibrado após o anúncio da Casa Branca da exclusão de uma série de produtos, e prometeu proteção para a indústria e o agronegócio.

"Obviamente vamos recorrer nas instâncias devidas, tanto nos Estados Unidos quanto nos organismos internacionais, no sentido de sensibilizar que isso não interessa à América do Sul. Temos que buscar mais integração", disse Haddad.

O presidente dos EUA, Donald Trump, impôs na quarta-feira sua prometida tarifa de 50% sobre produtos brasileiros para combater o que ele chama de "caça às bruxas" contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, mas excluiu das taxas mais pesadas produtos importantes da pauta de exportações do Brasil como aeronaves, energia e suco de laranja.

Haddad indicou mais cedo que o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda ainda estão analisando os setores que serão priorizados no plano de contingência, que deve incluir linhas de crédito.

"Parte do nosso plano previsto vai ser apreciado para ser lançado nos próximos dias", disse o ministro. "Vamos agora calibrar à luz do que foi anunciado ontem, vamos fazer a calibragem para que isso possa acontecer o mais rápido possível."

Ele também apontou que o anúncio de Trump indica um "ponto de partida mais favorável" para resolver o impasse entre Brasil e EUA, mas ponderou que os dois países continuam distantes de um potencial "ponto de chegada", dizendo que ainda houve "muita injustiça" no que foi anunciado por Washington.

"Há correções a serem feitas (no anúncio dos EUA). Há setores afetados que não precisariam estar sendo afetados -- nenhum a rigor. Mas há casos que são dramáticos e deveriam ser considerados imediatamente", afirmou Haddad.

O ministro acrescentou que o Brasil continua disposto a negociar com os EUA e que seguirá apresentando seus pontos de vista e argumentos sobre o assunto.

Em relação às preocupações de Trump, Haddad disse estar havendo "desinformação" sobre o Brasil e que cabe ao país explicar que a "perseguição" ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), não é o caminho a ser seguido entre os dois parceiros.

Para além da tarifa, os EUA impuseram sanções na véspera a Moraes, acusando-o de autorizar prisões arbitrárias e de suprimir a liberdade de expressão. A iniciativa teve como base a Lei Magnitsky, que permite penalidades econômicas contra estrangeiros com histórico de corrupção ou abusos de direitos humanos.

Por fim, Haddad afirmou que houve um novo contato com a equipe do secretário de Tesouro dos EUA, Scott Bessent, e que uma nova conversa entre ambos deve ser marcada.

(Por Fernando Cardoso, em São Paulo)

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