SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - O Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) terminou 2017 com deflação pela primeira vez em oito anos diante da queda dos preços no atacado, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta quinta-feira.
No ano, o IGP-M acumulou recuo de 0,52 por cento, contra alta de 7,17 por cento em 2016. A última vez que o indicador terminou o ano com queda foi em 2009, de 1,72 por cento.
"A queda em 2009 foi por conta da recessão mundial e agora em 2017 tem a ver com as supersafras que derrubaram as commodities, e isso contribuiu para uma redução expressiva dos alimentos", explicou à Reuters o economista da FGV André Braz.
"Não se deve esperar uma nova deflação em 2018, até porque esperamos um aquecimento da economia e a agricultura não estará tão bem humorada quanto em 2017", completou.
Em dezembro, o IGP-M acelerou a alta a 0,89 por cento, de 0,52 por cento no mês anterior, abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters de alta de 0,92 por cento.
O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que mede a variação dos preços no atacado e responde por 60 por cento do indicador geral, subiu em dezembro 1,24 por cento, ante 0,66 por cento no mês anterior, mas acumulou em 12 meses queda de 2,55 por cento.
As Matérias-Primas Brutas subiram 2,5 por cento, contra queda anterior de 0,68 por cento, e no acumulado do ano elas recuaram 11,35 por cento. O movimento de dezembro foi influenciado principalmente pelo comportamento dos itens minério de ferro, bovinos e leite in natura.
Já o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), com peso de 30 por cento no IGP-M, subiu 0,30 por cento no último mês do ano, ante 0,28 por cento em novembro, com inflação acumulada de 3,14 por cento em 2017.
A maior contribuição para o IPC em dezembro foi dada pelo grupo Alimentação, que avançou no período 0,13 por cento, contra recuo anterior de 0,19 por cento, com destaque para o comportamento do item laticínios. Em 12 meses, entretanto, o item alimentação teve deflação acumulada de 0,48 por cento.
O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), por sua vez, desacelerou a alta a 0,14 por cento em dezembro, sobre 0,28 por cento em novembro, terminando o ano com avanço acumulado de 4,02 por cento.
"Ao longo de boa parte do ano, o IGP ficou menos pressionado devido à queda do preço dos grãos, do minério de ferro e do petróleo no mercado internacional", explica a nota assinada pela economista-chefe da Rosenberg Associados, Thaís Marzola Zara.
"Para o primeiro trimestre de 2018, projetamos certo resquício da pressão observada no último trimestre de 2017, com taxas mais moderadas no meio do ano e voltando a acelerar ao final do ano", afirmou a Rosenberg Associados em nota assinada pela economista-chefe Thais Marzola Zara.
O IGP-M é utilizado como referência para a correção de valores de contratos, como os de aluguel de imóveis.
Veja abaixo a variação dos grupos (em %):
Novembro Dezembro 2017
IGP-M +0,52 +0,89 -0,52
IPA +0,66 +1,24 -2,55
.Estágios
..Bens Finais +0,50 +0,48 -1,10
..Bens Intermediários +1,93 +1,01 +4,36
..Matérias Primas Brutas -0,68 +2,50 -11,35
.Origem
..Produtos Agropecuários +0,61 +0,83 -12,99
..Produtos Industriais +0,68 +1,37 +1,48
IPC +0,28 +0,30 +3,14
.Alimentação -0,19 +0,13 -0,48
.Habitação +0,77 -0,06 +4,01
.Vestuário -0,32 +0,61 +0,68
.Saúde e Cuidados Pessoais +0,40 +0,44 +6,16
.Educação, Leitura e -0,10 +0,87 +6,83
Recreação
.Transportes +0,62 +0,78 +4,44
.Despesas Diversas -0,03 +0,18 +4,05
.Comunicação +0,32 -0,19 +1,78
INCC +0,28 +0,14 +4,02
.Materiais, Equipamentos e +0,61 +0,22 +2,88
Serviços
.Mão de Obra 0,00 +0,07 +4,98
(Por Thaís Freitas e Rodrigo Viga Gaier; Edição de Camila Moreira)