Por Rodrigo Viga Gaier e Patrícia Duarte
RIO DE JANEIRO/ SÃO PAULO, 1 Set (Reuters) - O Brasil cresceu mais do que o esperado no segundo trimestre diante da recuperação do consumo das famílias em meio ao cenário de inflação e juros em queda, mas os investimentos produtivos continuaram caindo, evidenciando que a recuperação da atividade será gradual.
O Produto Interno Bruto (PIB) do país cresceu 0,2 por cento entre abril e junho passados sobre os três meses anteriores, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira.
A boa surpresa também veio na comparação com o segundo trimestre de 2016, com o PIB crescendo 0,3 por cento, o primeiro resultado anual positivo desde o primeiro trimestre de 2014 (+3,5 por cento).
Pesquisa da Reuters apontava que a economia cresceria 0,1 por cento entre abril e junho na comparação com o trimestre anterior e ficaria estagnada sobre o segundo trimestre de 2016.
No primeiro trimestre deste ano, o Brasil havia crescido 1 por cento sobre o período imediatamente anterior, interrompendo dois anos seguidos de recessão devido à forte expansão do setor agropecuário, mas com os investimentos produtivos ainda em queda.
Entre abril e junho passado, o consumo das famílias foi o grande destaque, com expansão de 1,4 por cento sobre o primeiro trimestre, primeiro crescimento após nove trimestres e movimento que pode sugerir que a recuperação econômica continua nos trilhos. Sobre o mesmo período de 2016, o consumo cresceu 0,7 por cento, ainda segundo o IBGE.
Inflação em queda livre e juros básicos cada vez menores explicam a recuperação do consumo, cenário que ainda deve continuar nos próximos meses. O Banco Central, desde outubro passado, já reduziu a Selic em 5 pontos percentuais, a 9,25 por cento, e já há expectativas de que a taxa vá abaixo de 6 por cento.
Neste cenário, o setor de serviços também foi destaque positivo, com expansão de 0,6 por cento na comparação com o trimestre imediatamente anterior, mas na variação anual, mostrou queda de 0,3 por cento.
O investimento, no entanto, continuou em contração no trimestre passado, sinal de que o crescimento deve ser bastante gradual daqui para frente diante do forte endividamento e excesso de capacidade.
Segundo o IBGE, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) recuou 0,7 por cento na comparação com janeiro a março e despencou 6,5 por cento sobre um ano antes.