(Reuters) - O aumento da incerteza que tem acompanhado a disseminação do coronavírus e os esforços para contê-lo provavelmente contribuirão para um aumento do desemprego nos Estados Unidos e um declínio na inflação, disseram pesquisadoras do Federal Reserve de São Francisco nesta segunda-feira.
Além de causar doenças e morte, o vírus tem pesado bastante sobre a economia, à medida que as atividades comerciais são reduzidas e as pessoas praticam distanciamento social. Os efeitos econômicos têm sido exacerbados pela incerteza sobre a trajetória do vírus e por quanto tempo a economia ficará fechada.
Historicamente, "períodos de maior incerteza são seguidos por aumentos persistentes na taxa de desemprego e declínios prolongados na inflação, apesar da queda nas taxas de juros", afirmaram Sylvain Leduc, chefe de pesquisa do Fed de São Francisco, e o economista Zheng Liu, no último relatório econômico do banco regional.
"Ao aumentar a incerteza, o coronavírus afeta a economia de maneira semelhante ao declínio na demanda agregada".
O Índice de Volatilidade Cboe (VIX), um indicador do medo e da incerteza nos mercados financeiros, atingiu um recorde de alta no início deste mês e ainda está bem acima dos níveis normais.
Só essa elevada incerteza - devido, em parte, à falta de clareza de quanto tempo e quão bem o vírus será contido - poderia adicionar 1 ponto percentual à taxa de desemprego ao longo dos próximos 12 meses e subtrair até 2 pontos percentuais da inflação nos próximos seis meses, estimaram os pesquisadores.
O Fed tinha se esforçado para alcançar sua meta de inflação, de 2%, mesmo quando o desemprego estava próximo da mínima em 50 anos, persistentemente aquém de sua meta.
A decisão do Fed neste mês de reduzir a taxa de juros para quase zero deve auxiliar a amortecer o impacto da incerteza na atividade econômica. No entanto, espera-se que o vírus tenha um impacto profundo e prolongado na atividade econômica, disseram os pesquisadores.
(Por Ann Saphir)