BRASÍLIA (Reuters) - A economia brasileira cresceu bem acima do esperado por economistas em junho, mostrando resiliência no trimestre marcado pela calamidade das enchentes no Rio Grande do Sul e cenário de juros elevados, de acordo com indicador considerado um sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), divulgado nesta sexta-feira.
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) avançou 1,4% em junho na comparação com maio e fechou o segundo trimestre com alta de 1,1% sobre os três meses imediatamente anteriores, de acordo com dados dessazonalizados. Economistas consultados pela Reuters esperavam uma alta de 0,50% no mês.
O número de maio ainda foi revisado para cima, apontando agora para um crescimento de 0,42% da atividade no mês em que as enchentes afetaram o RS, ante alta de 0,25% informada inicialmente.
O Banco Central tem destacado em sua comunicação o dinamismo "maior do que o esperado" dos indicadores de atividade e do mercado de trabalho no país, ressaltando que o fato de a economia estar operando perto de sua capacidade máxima impõe um desafio para a redução da inflação. A autoridade monetária já indicou a possibilidade de elevação dos juros, atualmente em 10,5%, em meio à piora das expectativas do mercado para a inflação.
O governo trabalha com uma projeção oficial de crescimento de 2,5% do PIB este ano, mas o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o número deve ser revisto para cima em breve. Economistas consultados pelo Banco Central preveem alta de 2,2%, segundo a mediana das projeções mais recentes, mas algumas casas estão revisando para cima suas estimativas.
Em nota nesta sexta-feira, o Goldman Sachs (NYSE:GS) informou que, diante dos fortes resultados recentes, aumentou sua estimativa para o crescimento do PIB no ano para 2,5%, de 2,3%. A projeção para o segundo trimestre passou para 0,8%, de 0,6%,
O Santander (BVMF:SANB11) elevou de 2,0% para 2,3% sua projeção para a alta do PIB este ano nesta sexta-feira, ainda antes da divulgação do IBC-Br, com os economista dos banco dizendo-se "impressionados com a força atual da economia do Brasil".
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística divulgados desde o início do mês mostraram que a produção industrial e serviços cresceram acima do esperado em junho, enquanto as vendas no varejo desapontaram ao encolher mais do que o previsto por economistas, após cinco meses seguidos de alta.
O IBGE divulgará os dados do PIB do segundo trimestre em 3 de setembro. Nos primeiros três meses do ano, o PIB cresceu 0,8% sobre o trimestre imediatamente anterior e avançou 2,5% frente ao mesmo período de 2023, em resultado impulsionado pelo consumo das famílias em meio ao crescimento da renda e do emprego e inflação sob controle.
(Por Isabel Versiani)