(Reuters) - A inflação na zona do euro vai desacelerar acentuadamente este ano, mas o aumento dos preços permanece forte por enquanto, inclusive para bens e serviços subjacentes, disse o economista-chefe do Banco Central Europeu, Philip Lane, nesta segunda-feira.
O BCE elevou os juros em suas últimas sete reuniões, mas diminuiu o ritmo de aumentos na semana passada.
"Haverá muita desinflação chegando ainda neste ano, (mas) ainda não", disse Lane em uma palestra organizada pelo Fórum Nova Economia em Berlim. "Ainda estamos (vendo) muito impulso na inflação... ainda há aumento nos alimentos e no núcleo da inflação."
Lane argumentou que os preços de energia mais baixos e a redução dos gargalos devem acelerar a desinflação, enquanto as margens de lucro das empresas, um dos principais impulsionadores dos preços no ano passado, também devem cair.
"Este ano (as empresas) esperam que as margens caiam bastante, porque podem enfrentar aumentos de custos, incluindo nos custos trabalhistas, mas não poderão aumentar tanto os preços porque a demanda está se normalizando", disse Lane.
O BCE projeta que a inflação caia abaixo de 3% no quarto trimestre, mas poderá levar quase dois anos até que ela recue para a meta de 2% do banco.
Algumas autoridades questionam a projeção e argumentam que existe o risco de o aumento dos preços ficar acima da meta do BCE.
Uma das principais razões para um processo tão demorado é que o crescimento dos salários nominais pode permanecer relativamente forte por anos, à medida que os trabalhadores recuperam a renda perdida pela inflação.
"Há um imperativo muito básico para o mercado de trabalho reconstruir os salários reais", disse Lane. "Esta é uma espécie de fase de transição que dura vários anos, o que ajuda a explicar por que a inflação não caiu imediatamente para 2%."
(Por Balazs Koranyi)