Investing.com - A inflação brasileira medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou desaceleração e variou 0,23% no mês de maio, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira, 07. A expectativa consensual era de uma elevação de 0,33% no mês. Dessa forma, o indicador em doze meses é de 3,94%, contra projeção de 4,04%. Em abril, o IPCA avançou 0,61%.
Segundo analistas, o dado abaixo do esperado reforça a expectativa de início do ciclo de afrouxamento monetário do Banco Central. O BC começou o aperto em março de 2021, quando subiu a Selic de 2% para 2,75%. Após as altas, a taxa está em 13,75% desde agosto de 2022.
Transportes e artigos de residência em deflação em maio
Os grupos de transportes e de artigos de residência apresentaram deflação em maio, com quedas de 0,57% e de 0,23%, respectivamente.
Em transportes, o destaque ficou por conta da diminuição nos preços das passagens aéreas, com queda de 17,73%, além do resultado de combustíveis, que caíram 1,82%.
Ainda desaceleração do índice foi motivada pela perda de fôlego no grupo de alimentação e bebidas, que subiu 0,16%, contra 0,71% em abril.
Sete dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE registraram variação positiva no mês passado, sendo o de saúde e cuidados pessoais o com maior impacto e maior variação, com alta de 0,93%. Habitação subiu 0,67% e despesas pessoais 0,64%, aparecendo na sequência.
A Ativa Investimentos revisou as projeções para junho após o dado abaixo do esperado em maio. “Nossa projeção para o IPCA de junho que já se encontrava em 0,00% deverá entrar em deflação, o que encomendará um vale ainda mais baixo do índice em doze meses no mês, alimentando o discurso em prol da queda de juros. Em termos anuais, estimamos que nossa projeção de 5,4% deverá ser revista marginalmente para baixo em função de ajustes”, reforça o economista-chefe Étore Sanchez.
Rafael Sueishi, head de renda fixa da Manchester Investimentos, ressalta que o dado intensifica a discussão sobre a possibilidade de iniciar o corte da Selic do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. “A gente vem há bastante tempo nesse patamar de 13,75% de taxa básica de juros, porém estamos colhendo mês após mês uma melhora qualitativa na inflação, então abre margem para que o processo de queda venha nos próximos meses”.
Darwin Dib, economista da Gauss Capital, avalia que o resultado é positivo também do ponto de vista qualitativo, levando em consideração o recuo dos núcleos. “Os índices de inflação surpreenderem para baixo as expectativas do mercado, abrindo caminho para uma nova rodada de redução das taxas de juro de mercado, em especial para prazos mais longos”, concorda Dib.
Para o economista André Perfeito, ainda que o Copom possa cortar a Selic na próxima reunião, ele não acredita que isso deve ocorrer. “A questão na mesa é que não se pode dar um cavalo de pau na comunicação, logo o que espero é ver sinalizações claras na próxima ata que há espaço para algum afrouxamento monetário no segundo semestre e isso já vai ajudar - e muito - o humor empresarial e a retomada da economia”.