SÃO PAULO (Reuters) - Os preços de transportes, saúde e habitação caíram com força, e a prévia da inflação oficial do Brasil registrou o maior recuo em 24 anos para o mês de dezembro, indicando que os preços devem encerrar 2018 abaixo do centro da meta e reforçando as expectativas de que uma alta dos juros passou a ficar distante.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) terminou 2018 com alta de 3,86 por cento, ante 2,94 por cento em 2017, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira.
A meta oficial de inflação do governo é de 4,5 por cento pelo IPCA, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos. Se o resultado se repetir no IPCA, a ser divulgado em 11 de janeiro, será o segundo ano seguido em que a inflação brasileira encerrará o ano abaixo do centro do objetivo -- em 2017 o índice oficial terminou em 2,95 por cento, abaixo até mesmo do piso.
O resultado dos 12 meses até dezembro ficou praticamente em linha com a expectativa em pesquisa da Reuters de avanço de 3,90 por cento.
Na comparação mensal, o IPCA-15 teve em dezembro queda de 0,16 por cento, contra avanço de 0,19 por cento em novembro e expectativa de queda de 0,12 por cento. Esse é o menor resultado mensal desde julho de 2017 e a maior deflação para o mês de dezembro desde a implantação do Plano Real, em 1994.
O resultado mensal teve deflação em quatro dos nove grupos pesquisados. O principal impacto negativo foi exercido pelo grupo Transportes, cujos preços recuaram 0,93 por cento depois de alta de 0,31 por cento em novembro, devido principalmente à redução de 5,47 por cento nos preços da gasolina.
Também apresentaram queda no mês os preços de Saúde e cuidados pessoais, de 0,58 por cento, de Habitação, de 0,52 por cento, e de Comunicação, de 0,07 por cento.
Por outro lado, Alimentação e bebidas, com alta de 0,35 por cento, teve o maior impacto positivo no mês, embora tenha desacelerado frente à taxa de 0,54 por cento registrada em novembro.
Na semana passada, o BC manteve a Selic em 6,50 por cento e reconheceu que os riscos baixistas para a inflação cresceram. Na ata do encontro, o BC traçou um quadro favorável para a inflação, jogando para um futuro indeterminado eventual início de aperto nos juros após deixar de mencionar essa possibilidade em suas comunicações.
O BC retirou de sua comunicação recente menção a eventual início gradual de subida nos juros, o que segundo o presidente da autoridade monetária, Ilan Goldfajn, não foi um acidente, ressaltando que a assimetria do balanço de riscos de fato diminuiu, mas que o BC está atento sobretudo às tendências para tomar seus próximos passos.