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Investing.com – A prévia da inflação ao consumidor, o IPCA-15, registrou desaceleração em maio em relação ao mês anterior, além de ficar abaixo da expectativa do mercado. O IPCA-15 deste mês subiu 0,36% na base mensal, ante uma alta de 0,43% em abril, enquanto o consenso previa uma aceleração de 0,44%. Na base anual, o IPCA-15 desacelerou de 5,49% para 5,4%, ficando abaixo da previsão de 5,49%.
“O IPCA-15 teve um balanço qualitativo mais benigno, o melhor do ano”, avalia Luciano Costa, economista do ASA. “Destacamos duas principais surpresas: uma queda expressiva em passagens aéreas, um item mais volátil, com parte dos serviços automotivos e serviços de alimentação fora do domicílio vindo um pouco mais baixo”, diz Rafael Cardoso, economista-chefe do Banco Daycoval.
“Parte da surpresa é mais pontual, mas a parte de serviços é mais qualitativa, algo que gostaríamos que aconteça de forma sistemática na inflação”, diz o economista do Daycoval, relembrando que a pressão da inflação de serviços é um dos fatores que preocupa o Banco Central em relação à alta da inflação. O resultado pode ser, com isso, um termômetro de que o fim do ciclo de alta da taxa Selic tenha se encerrado na reunião deste mês do Comitê de Política Monetária (Copom), quando o colegiado subiu a taxa básica de juros de 14,25% para 14,75% no dia 7.
“[O IPCA-15] ajuda o Copom no curto prazo, a ter mais conforto para o encerramento do ciclo”, completa Cardoso. “Em termos de política monetária, a desaceleração do IPCA-15 pode ser interpretada como movimento em direção à meta”, projeta Costa do ASA.
“Está cedo ainda para falar em cortes”, diz Rafaela Vitória, economista-chefe do Banco Inter. Vitória ressalta que o governo não pode realizar novos estímulos fiscais e que faça um maior contingenciamento de gastos para que continue o processo de desinflação. "Podemos começar a discutir a redução da Selic no final do ano”, projeta a economista do Banco Inter se o governo adotar medidas que visa o equilíbrio das contas públicas.
Um fator negativo do IPCA-15 de maio foi a aceleração das taxas anualizadas da inflação de serviços e do núcleo de serviços em relação a abril, o que deve fortalecer o discurso do Copom de manter a taxa Selic elevada por bastante tempo. “A despeito da surpresa com a desaceleração, o patamar dos núcleos segue elevado. A média móvel de 3 meses desacelerou para 7,4%, ou seja, ainda incompatível com o intervalo do regime de metas”, analisa Costa do ASA, relembrando que o centro da meta de inflação é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima (4,5%) ou para baixo (1,5%).
“As pressões inflacionárias devem permanecer elevadas e altamente disseminadas, especialmente entre os núcleos de serviços”, afirma Alberto Ramos, economista-chefe do Goldman Sachs (NYSE:GS) para América Latina e Brasil, ressaltando que a inflação dos bens transacionáveis (que podem ser importados do exterior) estão se normalizando em níveis elevados em relação à mínima de 1 ano atrás (7,2% em maio deste ano contra 0,91% do mesmo mês do ano passado).
“Um cenário com pressões inflacionárias, expectativas de inflação de curto e médio prazos altamente desancoradas, hiato do produto positivo, mercado de trabalho apertado e medidas recorrentes parafiscais e de estímulos de crédito exigem uma calibragem conservadora da política monetária”, prognostica Ramos do Goldman, que lembra o papel do aumento do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) nas operações de crédito e cambiais, anunciadas na semana passada, deve exercer na restrição monetária e encorajar o Copom a não estender o ciclo de alta na reunião de junho.