IPCA-15 acelera em fevereiro por energia elétrica e educação e tem maior alta em quase 3 anos

Publicado 25.02.2025, 09:04
Atualizado 25.02.2025, 10:15
© Reuters. Escola em São Paulon23/06/2022. REUTERS/Amanda Perobelli

Por Camila Moreira

SÃO PAULO (Reuters) - A inflação no Brasil voltou a acelerar em fevereiro, com o IPCA-15 atingindo a maior alta em quase três anos, pressionado pela energia elétrica e pelos efeitos sazonais da volta às aulas, levando a taxa em 12 meses a quase 5%.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) subiu 1,23% em fevereiro, maior taxa desde abril de 2022 (+1,73%) e a maior alta para um mês de fevereiro desde 2016 (+1,42%). Em janeiro, mostrara aumento de 0,11%.

Apesar da forte aceleração, o dado divulgado nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ficou abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters de avanço de 1,33%.

Com esse resultado, a alta acumulada em 12 meses até fevereiro acelerou a 4,96%, de 4,50% no mês anterior e expectativa de 5,08%. Nessa base de comparação, foi a maior taxa desde outubro de 2023 (+5,05%).

A meta oficial para a inflação é de 3,0%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

As maiores pressões no IPCA-15 de fevereiro foram exercidas pelos grupos Habitação e Educação, com aumentos respectivos de 4,34% e 4,78%.

A maior influência para a alta de Habitação veio da energia elétrica residencial, que avançou 16,33% em fevereiro e devolveu a queda de 15,46% em janeiro, quando se beneficiou do bônus de Itaipu --composto pelo saldo positivo registrado na conta de comercialização da energia da usina hidrelétrica binacional.

Já em Educação, a maior contribuição foi dada pelo aumento de 5,69% dos custos de cursos regulares devido aos reajustes normalmente adotados no início do ano letivo. As maiores variações foram registradas por ensino fundamental (7,50%), do ensino médio (7,26%) e do ensino superior (4,08%).

Os preços de Alimentação e Bebidas, fonte de preocupação para o governo, subiram 0,61% no mês, desacelerando ante taxa de 1,06% em janeiro, sendo que os preços de alimentação no domicílio aumentaram 0,63% em fevereiro.

As principais variações positivas foram de cenoura (17,62%) e café moído (11,63%), enquanto batata-inglesa (-8,17%), arroz (-1,49%) e frutas (-1,18%) tiveram queda.

Já os custos de Transportes subiram 0,44% no período, de 1,01% no mês anterior, com os combustíveis subindo 1,88%. Houve aumentos nos preços do etanol (3,22%), do óleo diesel (2,42%) e da gasolina (1,71%), enquanto as passagens aéreas tiveram queda de 20,42%.

Apesar da aceleração do IPCA-15, especialistas ressaltam alguns pontos positivos na abertura do dado.

Nos cálculos de Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, o núcleo da inflação registrou leve alta marginal no acumulado de 12 meses, passando de 4,36% para 4,41%.

Já a alta do setor de serviços em 12 meses desacelerou de 5,45% para 4,98%, enquanto nos serviços subjacentes passou de 5,96% para 5,93%, de acordo com Sung.

"Os dados qualitativos trazem certo alívio em relação às últimas divulgações, especialmente para os grupos mais monitorados pelo Banco Central, que vinham registrando um crescimento acelerado. No entanto, isso não altera nossa preocupação com o cenário inflacionário", disse ele em nota.

Vários fatores vêm mantendo o alerta elevado em relação à inflação neste início de ano: mercado de trabalho ainda robusto, fortalecimento do dólar e as ameaças tarifárias do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

No final de janeiro, o Banco Central elevou a taxa básica de juros Selic como indicado em 1 ponto percentual, a 13,25% ao ano, e manteve a orientação de mais uma alta equivalente em março, deixando os passos seguintes em aberto.

"Em termos de política monetária, o resultado de hoje deve ter pouca influência, com a alta de 100 pontos-base em março já antecipada pelo Copom. A incerteza reside nos próximos passos a partir da reunião de maio, na qual os dados de atividade deverão ter maior importância do que os de inflação", disse André Valério, economista sênior do Inter.

Na visão da estrategista de macroeconomia da InvestSmart XP (BVMF:XPBR31), Sara Paixão, o IPCA-15 de fevereiro somado a dados de atividade econômica abaixo do que era esperado pelo mercado compõem um cenário favorável para o Banco Central, que pode não precisar elevar a taxa Selic ao patamar de 15%.

Ela também avaliou que a abertura do dado, que considera os índices de serviços, núcleo e a difusão, também foram mais positivos do que era esperado pelo mercado. Ainda assim, pontuou que o BC precisará se manter cauteloso, citando a taxa em 12 meses e as expectativas de inflação ainda subindo.

"Além disso, medidas como a mudança na faixa de isenção do imposto de renda e o estímulo ao consignado podem ter impactos futuros sobre a inflação", afirmou em comentário a clientes, avaliando que o Comitê de Política Monetária (Copom) deve considerar esses componentes na sua próxima decisão da Selic.

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