SÃO PAULO (Reuters) - A inflação brasileira acelerou mais do que o esperado e registrou o maior nível para maio em 20 anos, voltando a ganhar força no acumulado em 12 meses, reforçando a ideia de que o Banco Central não deve reduzir os juros básicos tão cedo.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), prévia da inflação oficial do país, subiu 0,86 por cento em maio, ante avanço de 0,51 por cento em abril, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira.
Sob a pressão dos preços de remédios e alimentos, esta foi a segunda vez seguida que o indicador acelerou a alta na base mensal e a leitura é a mais elevada para maio desde 1996 (+1,32 por cento).
Com isso, o IPCA-15 acumulou nos últimos 12 meses avanço de 9,62 por cento, após 9,34 por cento no mês anterior, bem acima do teto da meta do governo --de 4,5 por cento pelo IPCA, com tolerância de 2 pontos percentuais para mais ou menos.
Os resultados ficaram acima das expectativas em pesquisa da Reuters junto a economistas, de alta de 0,75 por cento na base mensal e de 9,50 por cento na comparação anual, na mediana das projeções.
As maiores influência para o resultado mensal do IPCA-15 vieram de alimentos e remédios, que juntos contribuíram com 0,48 ponto percentual para índice e responderam por 56 por cento da taxa do mês.
Os preços dos remédios subiram 6,50 por cento em maio como reflexo do reajuste de 12,50 por cento que está em vigor desde o início de abril. Com isso o grupo Saúde e Cuidados Pessoais registrou a variação mais alta, de 2,54 por cento, no período.
Alimentação e Bebidas, com importante peso sobre a renda das famílias, avançou 1,03 por cento. Embora represente alívio sobre a alta de 1,35 por cento em abril, o grupo teve o segundo maior impacto sobre o IPCA-15 do mês.
Com a recessão econômica que assola o país, a expectativa é de que a inflação desacelere, porém ainda termine este ano acima do teto da meta do governo, como mostra a pesquisa Focus do Banco Central, que aponta alta do IPCA de 7,00 por cento.
Esse é o cenário que o novo presidente do BC, Ilan Goldfajn, terá que encarar. Indicado nesta semana pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, para assumir o posto, ele terá de passar ainda por sabatina e aprovação pelo Senado.
O mercado vê espaço para redução da taxa básica de juros, atualmente em 14,25 por cento. Ilan, que era economista-chefe do Itaú, vinha destacando que a recessão e o enfraquecimento do dólar estavam entre os fatores que deveriam contribuir para a redução das expectativas de inflação, abrindo espaço para o início do ciclo de corte de juros a partir de julho.
Veja abaixo a variação dos grupos:
(Por Camila Moreira)