KIEV (Reuters) - Provas coletadas pelo grupo pró-direitos humanos Human Rights Watch sugerem que forças do governo utilizaram munição de fragmentação no leste da Ucrânia, e separatistas pró-Rússia também podem ter usado esses projéteis, disse a entidade com sede em Nova York nesta terça-feira.
O porta-voz da operação militar do governo de Kiev contra a rebelião no leste do país negou as acusações. Os rebeldes não puderam ser contatados imediatamente para comentários.
Bombas de fragmentação explodem no ar, espalhando dezenas de projéteis menores em uma área do tamanho de um estádio esportivo. A maioria dos países proibiu seu uso com base em uma convenção que se tornou lei internacional em 2010, mas a Ucrânia não é signatária.
O Human Rights Watch disse em um comunicado que havia realizado uma investigação de uma semana no leste da Ucrânia, onde mais de 3.700 pessoas foram mortas no conflito desde abril, e documentou o uso indiscriminado de munições de fragmentação.
A ONG disse que não podia determinar conclusivamente a responsabilidade de muitos dos ataques, mas "as provas apontam para a responsabilidade de forças do governo por vários ataques de munição de fragmentação" neste mês em Donetsk, o principal bastião dos rebeldes.
"É chocante ver uma arma que a maioria dos países baniu ser utilizada tão amplamente no leste da Ucrânia", disse Mark Hiznay, pesquisador sênior de armamentos do Human Rights Watch. "Autoridades ucranianas têm de assumir o compromisso imediato de não utilizar munição de fragmentação e assinar o tratado para bani-la."
Em 12 incidentes documentados, essa munição matou pelo menos seis pessoas e feriu dezenas de outras, mas os números podem ser muitos maiores, disse a entidade.
"Nós não utilizamos munições de fragmentação. Elas podem ser apenas utilizadas pela aviação, e nossa aviação não voou desde o anúncio de um cessar fogo em 5 de setembro", disse o porta-voz militar ucraniano Andriy Lysenko.