Por Isabel Versiani
BRASÍLIA (Reuters) - O Ministério da Economia manteve sua projeção para a alta do Produto Interno Bruto (PIB) em 2021 em 3,2%, mas elevou a estimativa para a inflação a 4,42%, acima do centro da meta, segundo boletim divulgado nesta quarta-feira pela Secretaria de Política Econômica (SPE).
"As incertezas são elevadas com os desafios de enfrentamento à pandemia, mas deve-se considerar os indicadores no primeiro bimestre que apontam continuidade da recuperação da atividade econômica", diz o documento, que destaca melhora nas expectativas de confiança de empresários e consumidores mesmo em meio ao recrudescimento da pandemia da Covid-19 no país.
A SPE frisou que o carregamento estatístico da alta do PIB no final do ano passado é de 3,6% para 2021 e que indicadores de alta frequência até fevereiro têm mostrado continuidade do ritmo de crescimento, "contrariando algumas previsões mais pessimistas que sugeriram retração no 1T21 (primeiro trimestre) devido ao fim do auxílio emergencial".
Na comparação com o mesmo período do ano anterior, contudo, a SPE projeta queda do PIB no primeiro trimestre, de 0,35%, com a avaliação de que o desempenho de março ainda é incerto diante da maior rigidez das regras de distanciamento impostas em várias regiões do país em meio ao recrudescimento da pandemia.
O secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida, disse que as medidas de fechamento da economia por causa da Covid-19 afetam negativamente a atividade, mas que por outro lado o cenário externo está favorável ao Brasil --com juros baixos e termos de troca que beneficiam o país-- e as taxas de poupança e de crédito domésticas são outros pontos positivos.
"No balanço achamos mais provável manter a projeção atual (para o PIB)", afirmou.
INFLAÇÃO
O ajuste na estimativa para o IPCA deste ano foi expressivo --em novembro, a SPE previa alta de 3,23% em 2021-- e refletiu, segundo o boletim, a pressão dos preços dos alimentos. A nova projeção está acima da meta central para este ano --de 3,75%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
Para Sachsida, o maior risco à economia brasileira é a perda da âncora fiscal e, nesse sentido, ele comemorou a aprovação da PEC Emergencial pelo Congresso com a previsão de medidas de ajuste fiscal no futuro, a depender da trajetória da relação entre receitas e despesas.
"Conceder o auxílio emergencial sem contrapartidas fiscais teria impacto negativo sobre a inflação, sobre o risco-país, sobre as taxas de juros, e sobre a atividade econômica", ressaltou em apresentação.
Para o período 2022-2024, a projeção do ministério para a alta do PIB também não foi alterada, ficando em 2,5% ao ano, e a expectativa é de convergência da inflação para a meta.