Investing.com – Após dados de comércio externo abaixo do esperado, a China divulga na próxima semana dados do crescimento econômico e outros indicativos de atividade, como produção industrial e vendas no varejo. As estimativas consensuais indicam para uma expansão do Produto Interno Bruto (PIB) anualizada caindo dos atuais 5,2% para 5% para a segunda maior economia do mundo.
LEIA MAIS: O que é PIB
Além disso, o mercado projeta um esfriamento no indicador anual de vendas no varejo de março, caindo de 5,5% no mês anterior para 4,5%. A projeção para a produção industrial acumulada no ano é de que o índice caia de 7% para 5,4%. Dados de desemprego e da utilização da capacidade instalada também serão divulgados na próxima segunda pela noite.
Investe em mercados asiáticos? Escolha as ações com maiores potenciais de valorização com o InvestingPro! Assine com preços até 40% OFF e tenha um desconto adicional com o cupom INVESTIR.
Analistas seguem receosos a respeito do crescimento econômico do gigante asiático, que vem elevando os atritos com os Estados Unidos, incluindo a respeito de um suposto excesso de capacidade em setores ‘verdes”. O Julius Baer, por exemplo, espera um crescimento do PIB em 4,4% neste ano. O Bradesco Asset Management, por sua vez, 4,7%.
LEIA MAIS: China rebate críticas do Ocidente e diz que sua indústria é mais competitiva
Economistas questionam a sustentabilidade das medidas de impulso à manufatura e infraestrutura, com diretrizes estabelecidas pelo governo de Pequim voltadas a novas frentes de crescimento, como carros elétricos, painéis solares, além da prioridade para a indústria local em algumas frentes, como semicondutores.
As incertezas sobre as perspectivas diante de novos modelos de crescimento, em meio a uma crise no setor imobiliário, levaram a Fitch a cortar a perspectiva da classificação de crédito soberano para negativa, mencionando ainda riscos para as finanças públicas. Em dezembro, a Moody's já havia cortado perspectiva de crédito da China para negativa, apontando riscos imobiliários.
A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, disse que o país deveria estimular a demanda interna e direcionar mais sua economia para o setor de serviços. O setor imobiliário é a chave para as tensões. “Ela tem o maior tamanho de destoque em relação ao PIB de real estate no mundo, estima-se, porque esse dado ninguém tem ao certo, nenhum país chega ao perto hoje, o mais próximo é a Austrália”, afirmou Luis Stuhlberger, fundador do fundo Verde Asset, durante o Macro Summit, evento realizado na quinta-feira (11) pelo Market Makers.
“Todos os outros que chegaram em nível muito abaixo desse tiveram crises imobiliárias sérias. E tem uma população que vai diminuir. Essa conta tem que ser administrada no tempo, mas é um problema enorme. No resto, quanto à consumo, serviço, o mercado exagera um pouco”, completo Stuhlberger. O gestor do Verde avalia que o capitalismo de estado da China está tendo “seu momento de reflexão”, mas não indica ser tão pessimista como quem acredita que o gigante asiático causa problemas a nível global.
LEIA MAIS: China divulga detalhes de programa para produtos de consumo, a fim de apoiar demanda doméstica
Crescimento em duas velocidades
A dinâmica da economia chinesa não é a mesma em relação ao período pré-pandemia, afirma o Itaú BBA em relatório divulgado aos clientes e ao mercado. “Desde 2021, o foco da política econômica tem sido estimular a manufatura e infraestrutura com o objetivo de compensar a fraqueza do setor imobiliário”, recorda.
Os economistas da instituição financeira acreditam que uma indústria forte pode sustentar um crescimento perto da meta de 5% em 2024, mas “se as decepções no setor imobiliário permanecerem relativamente contidas”. O banco projeta um crescimento de 4,7% em 2024.
CONFIRA: Calendário Econômico do Investing.com
Conforme Laura Pitta, economista do Itaú BBA, dados anteriores da produção industrial e investimentos vieram acima das expectativas do mercado, assim como a sondagem de Índice Gerentes de Compras (PMI) da manufatura.
No entanto, o setor imobiliário continua enfraquecido e com quedas em indicadores como construção e vendas. “A composição reforça o padrão vigente desde 2021 de uma economia em duas velocidades, com o crescimento em manufatura e infraestrutura se contrapondo à fraqueza do setor imobiliário”, avalia.
Apesar desses dados favoráveis, o comércio internacional da China ficou aquém do esperado por analistas de mercado, conforme indicadores divulgados nesta sexta, frustrando as esperanças de que as vendas ao mercado global poderiam compensar a demanda interna fraca para alavancar o crescimento.
Os embarques do gigante asiático encolheram 7,5% no mês passado na comparação anual, enquanto as importações recuaram 1,9% na mesma análise.
LEIA MAIS: Com derrocada do setor imobiliário, qual é a nova China?