Investing.com – Com um agro pujante no primeiro semestre e um mercado de trabalho resiliente, mesmo com taxas de juros elevadas, ainda que em trajetória de queda, especialistas esperam que a economia tenha perdido fôlego no último trimestre do ano, rondando a estabilidade, mas estimam uma expansão do Produto Interno Bruto (PIB) próxima de 3% em 2023. O dado oficial será divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta. O consenso indica, para os últimos três meses do ano, uma leve alta de 0,1%.
Entre os fatores que teriam tornado possível essa pequena expansão, ou manutenção frente aos três meses anteriores, estariam a continuidade do ciclo de cortes na taxa básica de juros Selic e o programa de renegociações de dívidas Desenrola. Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital, destaca que o segundo semestre deve ter sido de crescimento abaixo da taxa média mensal verificada nos primeiros seis meses do ano passado, que haviam sido alavancados pelo agronegócio. A tendência é de uma estabilidade, em sua visão, levando o dado anual a um crescimento de 3%, de acordo com sua estimativa.
José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do banco Fator, concorda com a projeção de consenso, próxima de 0,1%, e afirma que a redução nas taxas de juros não tem sido o suficiente para animar varejo de bens duráveis e semiduráveis. Pois, com fatores sazonais, o agronegócio perdeu força ao longo dos trimestres. No final do ano, a extração mineral foi um dos impulsos. Em serviços, o nível estava alto, mas parou de crescer, recorda o especialista.
No entanto, há visões mais otimistas. Julio Hegedus, economista-chefe da Mirae Asset Brasil, avalia ser possível um crescimento no quarto trimestre em torno de 0,4%, contra o anterior, com impulso do bom desempenho dos serviços e do varejo, pelo crescimento do consumo das famílias e diante de políticas parafiscais, além do Desenrola e da taxa Selic em queda. “Devemos considerar alguma transmissão do setor agropecuário, beneficiado pela mega safra no ano, com o saldo comercial atingindo um patamar recorde de US$ 98,8 bilhões”.
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), apresentou um crescimento de 2,45% em 2023, de acordo com a autoridade monetária. Já o último Boletim Focus com dados de 2023, divulgado em 05 de janeiro, apontava para uma expansão de 2,92% do PIB.
Expectativa para 2024
A tendência, a princípio, é de um PIB menos robusto por vir. Economistas consultados pelo Banco Central estimam uma expansão de 1,75% em 2024, de acordo com a publicação mais recente do Boletim Focus. “Para este ano, esperamos a continuidade da tendência do processo de arrefecimento da economia brasileira”, reforça a economista da CM Capital, ao projetar uma expansão de 1,5% em 2024.
O economista do Fator observa que as características de 2023 não se repetem em 2024, sendo que a economia vai depender mais do consumo das famílias, em sua visão. “Isso mostra uma situação firme do mercado de trabalho. O crescimento da renda e emprego, mesmo com juros elevados, ainda conseguiu sustentar o consumo das famílias de maneira relevante”. No entanto, como o crescimento desses indicadores não deve ocorrer da mesma forma, ele também enxerga um ritmo mais moderado para o PIB, próximo de 2%. Ainda, completa que o efeito dos juros em queda para o crédito das famílias tem sido irrelevante e que a formação bruta de capital fixo não deve apresentar grandes melhoras, mas só não deve cair porque o patamar atual já é extremamente preocupante.
Para o primeiro trimestre de 2024, Hegedus acredita que a economia deve continuar a se recuperar lentamente, pelos mesmos propulsores do final do ano de 2023, mas também pela gestão do ministro da Fazenda Fernando Haddad, vista como positiva e muito focada na agenda fiscal. O setor de serviços, em forte retomada desde a pandemia, também pode alavancar os dados.
“Devemos destacar também a política fiscal ativa e as eleições municipais como dois vetores a estimular a economia neste ano”. Hegedus também demonstra preocupação com o desempenho dos investimentos, pois avalia que boa parte dos empresários segue no aguardo da conclusão da Reforma Tributária para retomar seus investimentos. O economista elenca ainda fatores exógenos preocupantes, como a eleição nos Estados Unidos, sua situação fiscal delicada e fatores geopolíticos com guerras no Oriente Médio e continuidade do conflito na Ucrânia, com possíveis novos desdobramentos.
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