Investing.com – Em coletiva de imprensa após a manutenção das taxas de juros, o presidente do Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano), Jerome Powell, reforçou a visão de que ainda não há a confiança necessária para que seja possível cortar os juros em breve e que as decisões serão tomadas reunião a reunião, conforme o avançar dos dados. Assim, evitou sinalizar a data para início dos cortes durante a conversa com jornalistas.
Powell disse novamente que o Fed está “fortemente comprometido” em conduzir a inflação à meta de 2% ao longo do tempo, mas espera ver os preços de produtos caindo menos rapidamente. A taxa de juros provavelmente estaria no pico do ciclo e seria apropriado começar a flexibilização em algum momento neste ano.
Powell afirmou que a autoridade monetária não acredita que a inflação foi originalmente causada pelo aumento de salários, mas avalia que, para trazer o dado à meta, o Fed gostaria "de ver movimentos contínuos e graduais de aumentos salariais, ainda que em níveis altos, em patamares mais sustentáveis ao longo do tempo”.
O Monitor da Taxa de Juros do Fed do Investing.com aponta para uma expectativa para início do ciclo de cortes para a reunião de 12 de junho, com 60,2% dos investidores apostando em uma queda de 0,25 ponto percentual, de 5,25%-5,5% para 5%-5,25%.
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O que dizem os analistas
O mercado interpretou o discurso de forma mais dovish, ainda que Powell não tenha indicado quando o Fed deve cortar os juros. “Com isso, acredito que as apostas seguem firmes para junho em relação ao primeiro corte do juros americanos”, afirma Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital.
O estrategista-chefe da Avenue, William Castro Alves, menciona uma leve mudança na comunicação do Fed. “O comitê retirou a expressão que falava que o mercado de trabalho havia moderado, mas manteve a visão de um mercado de trabalho forte. Tal mudança pode ser interpretada como mais hawkish, em nossa visão, ainda que seja uma mudança sutil e marginal”. Sobre a flexibilização prevista para este ano, as projeções indicam, segundo Alves, que haveria um número relevante de dirigentes que vê menos espaço para cortes.
Os membros do Fed ainda enxergam três cortes de juros neste ano, mesmo com inflação persistente e economia mais forte. A decisão do FOMC e as novas projeções vieram melhor que o esperado, mas demonstram menor convicção com o ciclo de flexibilização por vir, na opinião de Daniel Cunha, estrategista-chefe da BGC Liquidez.
“Existia um temor no mercado que os dados recentes mais fortes na parte de atividade e inflação pudessem mexer com a projeção do FOMC de três cortes para dois neste ano. Tal receio não se concretizou”, avalia, ao ponderar que os dados sugerem um movimento mais conservador e uma postura mais prudente do Fed.
Francisco Nobre, economista da XP (BVMF:XPBR31), recorda que o mercado estava receoso que as medianas das projeções de juros fossem ser revisadas de 4,6%, para 4,9%, o que implicaria em uma mudança de perspectiva do comitê quanto ao número de cortes nas taxas de juros esse ano.
“Das projeções macroeconômicas do FOMC, entre os pontos mais importantes, esteve uma leve alta nos juros de longo prazo. Então os juros, depois de 2026, o comitê antes avaliava que esse número seria 2,5%, que basicamente reflete o que o comitê acredita como um nível neutro da taxa de juros nominal, esse número estava estável há vários anos e pela primeira vez, em muito tempo, esse número subiu um pouco agora, para 2,6%”, destaca Nobre, indicando que o FOMC acredita que a taxa de juros nominal neutra será um pouco mais alta adiante.