Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier
SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) -Os produtos derivados de petróleo e os alimentícios impulsionaram a indústria brasileira em setembro e a produção aumentou pelo segundo mês seguido, fechando o terceiro trimestre com um resultado acima do esperado.
O aumento da produção industrial acelerou em setembro a 1,1% na comparação com o mês anterior, quando houve alta de 0,2%, e cresceu 3,4% sobre o mesmo mês do ano passado, de acordo com dados divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os resultados ficaram acima das expectativas em pesquisa da Reuters de alta mensal de 0,9% e de avanço de 2,8% na base anual.
Para Igor Cadilhac, economista do PicPay, o resultado na base anual evidencia "um crescimento robusto e consistente da atividade industrial, que vive um dos melhores momentos dos últimos anos".
No terceiro trimestre, a indústria teve um aumento de 1,6% na produção em relação aos três meses anteriores, acelerando ante a alta de 0,8% do período de abril a junho. Foi o quarto trimestre seguido de alta.
O mercado de trabalho aquecido e aumento da renda têm favorecido a indústria brasileira, que por outro lado enfrenta alta da taxa básica de juros e a perspectiva de um ritmo menos intenso da economia no segundo semestre.
“A melhora da indústria tem a ver com avanço no mercado de trabalho, mais emprego e renda, menor inadimplência, mais crédito e um ambiente econômico mais favorável", afirmou André Macedo, gerente da pesquisa.
"A leitura da produção no ano é ancorada por predomínio de taxas positivas, com destaque para a indústria automobilística e a cadeia, como peças, autopeças, caminhões e afins. As vendas também avançaram com crédito mais acessível. Esse é o motor e o que mais influencia a indústria até agora, depois vem extrativa, combustíveis e alimentos", completou.
O IBGE informou que, em setembro, as atividades com as principais influências positivas foram a produção de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (+4,3%) e de produtos alimentícios (+2,3%).
Ambas voltaram a crescer após recuos nos meses de agosto e julho, período em que acumularam perdas de 3,5% e de 4,2%, respectivamente.
Também destacaram-se os desempenhos de veículos automotores, reboques e carrocerias (+2,5%), produtos do fumo (+36,5%), de metalurgia (+2,4%) e de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (+3,3%).
Entre as categorias econômicas, a fabricação de bens de capital aumentou 4,2% em setembro sobre agosto. Os segmentos de bens intermediários e de bens de consumo semi e não duráveis também registraram crescimento na produção, respectivamente de 1,2% e 0,6%. Somente o setor de bens de consumo duráveis mostrou recuo, de 2,7%.
"O destaque negativo em setembro foi a queda na produção de bens de consumo duráveis, o que já pode indicar uma desaceleração da oferta de crédito ligado ao setor", destacou a economista-chefe do Inter, Rafaela Vitória.
(Edição Alberto Alerigi Jr. e Isabel Versiani)