FRANKFURT (Reuters) - Os salários na Alemanha continuam crescendo rapidamente, apesar da contração da economia, à medida que trabalhadores recuperam o poder de compra que perderam com a inflação alta, informou o banco central alemão nesta quinta-feira.
A economia alemã, a maior da Europa, praticamente não cresceu em dois anos, atingida por um aumento nos custos de energia após a invasão da Ucrânia pela Rússia, pela demanda global mais fraca e pela forte concorrência da China nos setores automobilístico e de energia solar.
Mas seu mercado de trabalho, principalmente no setor de serviços, continua apertado e os trabalhadores ainda estão no processo de recuperar o padrão de vida que tinham antes do aumento da inflação.
Isso significa que o crescimento dos salários permaneceu alto -- com os acordos salariais coletivos subindo 6,2% entre janeiro e agosto em comparação com o ano anterior, de acordo com o banco central.
A instituição calculou um crescimento salarial de 4% para o último trimestre do próximo ano com base nos acordos já assinados. Isso ainda estaria acima do ritmo de 3% que o Banco Central Europeu considera compatível com sua meta de inflação de 2%, supondo um crescimento de 1% na produtividade.
"Esses resultados não questionam fundamentalmente o processo de desinflação esperado na Alemanha", disse o banco central em seu relatório mensal. "Entretanto, além da evolução da produtividade e das margens de lucro das empresas, a situação do mercado de trabalho é de grande importância para a velocidade e a extensão da desinflação."
O BCE listou o crescimento salarial mais alto do que o esperado como o risco principal para suas expectativas de estabilização da inflação em sua meta de 2%.
O banco central alemão acrescentou que o Produto Interno Bruto do país provavelmente encolheu novamente no terceiro trimestre deste ano, mas o país deve evitar "um declínio significativo, de base ampla e prolongado na produção econômica".
(Por Francesco Canepa)