Sri-lanqueses se preparam para eleger um novo presidente neste sábado, no que se prevê ser uma disputa acirrada e crítica com implicações significativas para a recuperação econômica do país.
A eleição ocorre após um período turbulento marcado por uma grave crise econômica em 2022, que viu o país lutando contra uma taxa de inflação massiva, uma moeda enfraquecida e aumentos substanciais nas tarifas de energia.
O atual presidente, Ranil Wickremesinghe, que assumiu o cargo durante este período de dificuldades econômicas, está enfrentando adversários de esquerda enquanto busca continuar seus esforços para conduzir o país à estabilidade financeira. A administração de Wickremesinghe tem supervisionado uma recuperação delicada, reforçada por um resgate de 2,9 bilhões de dólares do Fundo Monetário Internacional (FMI) e um processo de reestruturação da dívida de 25 bilhões de dólares.
Apesar de alguns sinais positivos, como um recente resfriamento da inflação para 0,5% e um crescimento do PIB previsto para este ano - o primeiro em três anos - o país ainda enfrenta pobreza generalizada e endividamento. O resultado da eleição é, portanto, visto como um fator crucial na determinação da direção futura do Sri Lanka, com as esperanças de muitos cidadãos por um futuro melhor dependendo de seu próximo líder.
Alan Keenan, consultor sênior do International Crisis Group, observou o alto risco da eleição, afirmando: "Com muitos sri-lanqueses ainda lutando para sobreviver, a eleição presidencial promete ser acirrada, tensa e possivelmente crucial para definir a trajetória política futura do país."
A disputa parece ser uma corrida acirrada entre três candidatos: Wickremesinghe, o líder da oposição Sajith Premadasa do partido Samagi Jana Balawegaya (SJB), e o candidato de tendência marxista Anura Kumara Dissanayake. De acordo com a pesquisa Sri Lanka Opinion Tracker Survey do Institute for Health Policy, Dissanayake está atualmente na liderança, com Premadasa em segundo lugar e Wickremesinghe em terceiro.
Premadasa e Dissanayake indicaram que podem revisar impostos e gastos públicos relacionados ao programa de resgate do FMI. Dissanayake também propôs uma nova abordagem doméstica para a reestruturação da dívida.
Aproximadamente 17 milhões de sri-lanqueses estão aptos a votar nesta eleição, a primeira desde que os protestos contra as dificuldades econômicas no ano passado levaram à renúncia do então presidente Gotabaya Rajapaksa. O sistema de votação do país permite um método de primeiro turno, onde os eleitores podem dar três votos preferenciais.
Um candidato deve garantir pelo menos 50% dos votos para vencer; caso contrário, haverá um segundo turno para decidir entre os dois candidatos mais votados. Analistas acreditam que um segundo turno é um cenário provável, dada a natureza acirrada da eleição.
O economista Dhananath Fernando do Advocata Institute sugere que os eleitores provavelmente priorizarão considerações econômicas sobre lealdades políticas tradicionais. Espera-se que os resultados da eleição sejam anunciados no domingo, com o novo presidente sendo empossado logo depois.
O vencedor enfrentará a tarefa desafiadora de gerenciar as finanças públicas, pagar a dívida externa, atrair investimentos e cumprir o programa de quatro anos do FMI. Paikiasothy Saravanamuttu, chefe do Centre for Policy Alternatives, enfatizou a necessidade de o governo abordar a reestruturação da dívida de forma sensível, garantindo que o ônus não recaia desproporcionalmente sobre aqueles menos capazes de suportá-lo.
A Reuters contribuiu para este artigo.
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