O que está por vir para o comércio EUA-Brasil? Especialista responde
Por Andrea Shalal e Andrew MacAskill
EDIMBURGO/LONDRES (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, bombardeado por perguntas sobre seus laços com o financista e criminoso sexual Jeffrey Epstein, chegou à Escócia nesta sexta-feira para jogar golfe e participar de conversas bilaterais que podem resultar em um acordo comercial com a União Europeia.
Trump disse aos repórteres em sua chegada que visitará suas duas propriedades de golfe na Escócia e se reunirá com o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, e com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, a quem ele chamou de "mulher altamente respeitada".
Enquanto centenas de espectadores aplaudiam sua chegada, Trump repetiu seu comentário anterior sobre uma chance de 50% de garantir um acordo com a UE, acrescentando que seria o maior acordo comercial de seu governo até o momento, se for concretizado.
No entanto, ele disse que ainda havia "pontos de atrito" com Bruxelas em "talvez 20 coisas diferentes".
Trump disse que sua reunião com Starmer seria mais uma celebração do acordo comercial já alcançado do que a continuação do trabalho nele, acrescentando: "É um ótimo acordo para ambos".
Antes de deixar Washington, Trump disse que seu governo estava trabalhando arduamente em um possível acordo comercial com a UE, e que Bruxelas estava interessada em fazer um acordo. Von der Leyen disse mais tarde que se encontraria com Trump na Escócia no domingo.
Diplomatas da UE dizem que um acordo poderia resultar em uma tarifa de 15% sobre os produtos da UE, refletindo um acordo-quadro com o Japão alcançado esta semana e metade dos 30% que Trump está ameaçando impor até 1º de agosto.
Trump tem procurado reordenar a economia global depois de impor uma tarifa de 10% sobre quase todos os parceiros comerciais em abril e ameaçar com taxas muito mais altas para muitos países a partir da próxima semana. Trump afirma que as medidas reduzirão o déficit comercial dos EUA e trarão receitas extras, mas economistas alertam que as novas políticas comerciais podem aumentar a inflação.
"NÃO FALEM SOBRE TRUMP"
Trump, que está enfrentando a maior crise política interna de seu segundo mandato, expressou frustração com as contínuas perguntas sobre o tratamento dado por seu governo aos arquivos de investigação relacionados às acusações criminais de Epstein e sua morte na prisão em 2019.
"Vocês fazem disso uma coisa muito importante por causa de algo que não é importante", disse Trump aos repórteres na Escócia, pedindo que se concentrassem em outros norte-americanos proeminentes com vínculos com Epstein, incluindo o ex-presidente Bill Clinton.
"Falem sobre Clinton. Falem sobre o ex-presidente de Harvard. Falem sobre todos os amigos dele. Falem sobre os caras dos fundos de hedge que estavam com ele o tempo todo. Não falem sobre Trump", disse ele. "O que vocês deveriam estar falando é sobre o fato de que temos os melhores seis meses na história de uma Presidência."
O tema Epstein causou um rara racha com alguns dos apoiadores mais fiéis de Donald Trump no movimento "Make America Great Again", e a maioria dos norte-americanos — incluindo republicanos que apoiam Trump — acredita que o governo está escondendo detalhes sobre o caso, segundo uma pesquisa da Reuters/Ipsos.
Autoridades da Casa Branca esperam que a controvérsia diminua enquanto Trump estiver no exterior, disseram duas pessoas familiarizadas com o assunto.