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Empresas de capital aberto já armazenam perto de 900 mil BTC, o equivalente a pouco mais de 4 % de toda a oferta que um dia existirá. O quadro é liderado pela MicroStrategy (NASDAQ:MSTR), com 607 770 BTC, seguida pela mineradora Marathon Digital (NASDAQ:MARA), que mantém 49 940 BTC, e pela Riot Platforms (NASDAQ:RIOT), dona de 19 273 BTC. No Japão, a Metaplanet (TYO:3350) figura como a maior “empresa-cofre” da Ásia, com 13 350 BTC. A tendência ganhou ainda mais visibilidade quando a Trump Media & Technology Group (NASDAQ:DJT) converteu cerca de US$ 2 bilhões do caixa em Bitcoin para compor sua própria reserva.
Motivações econômicas e de marketing
A taxa de juros real próxima de zero nas economias desenvolvidas mantém o custo de oportunidade de deixar recursos no caixa em níveis historicamente baixos, incentivando tesoureiros a buscar ativos com assimetria de retorno. Ao mesmo tempo, a revelação pública de uma posição relevante em bitcoin cria um selo de inovação que atrai investidores acostumados ao ecossistema cripto e gera visibilidade constante na mídia financeira. Por fim, a narrativa do “ouro digital” oferece a promessa, ainda contestada, de proteção contra ciclos agressivos de expansão monetária.
O impacto da norma contábil de 2025
A partir dos exercícios iniciados em janeiro de 2025, o pronunciamento FASB ASU 2023-08 determina que as companhias marquem seus criptoativos a valor justo a cada fechamento de balanço, reconhecendo ganhos e perdas não realizados no resultado e detalhando políticas de custódia e chaves privadas. Essa mudança transforma o preço diário do BTC em componente direto do lucro líquido, multiplicando a volatilidade contábil e influenciando a base de cálculo tributária.
Principais riscos para acionistas
O novo regime de fair value pode levar empresas alavancadas em bitcoin a romper covenants ou apresentar oscilações súbitas no patrimônio líquido. Além disso, a partir de 2026 a Corporate Alternative Minimum Tax dos Estados Unidos pode gerar obrigações de caixa sobre ganhos que ainda não foram realizados, ameaça que já levou a Strategy a admitir a possibilidade de vender parte de suas moedas ou levantar capital adicional para cobrir um potencial passivo bilionário.
Casos que ilustram a tendência
A ação da Strategy oscila quase no mesmo ritmo do BTC, evidenciando que cada movimento de mil dólares na cotação acrescenta ou retira centenas de milhões de dólares de valor de mercado. A recém-convertida Trump Media viu suas ações dispararem após anunciar o plano de tesouraria cripto, mas devolveu parte dos ganhos conforme analistas discutiam os riscos operacionais decorrentes da volatilidade da moeda. No mercado japonês, a Metaplanet apresenta correlação diária elevada com o bitcoin, embora conte com liquidez bem menor que a de um ETF spot.
Questões para o investidor avaliar
Antes de comprar uma “empresa-cofre”, vale perguntar qual fração do patrimônio está exposta ao BTC, se há dívidas lastreadas na posição, quais controles de custódia e auditoria estão em vigor, qual a capacidade de gerar caixa operacional independente da valorização da moeda digital e como a companhia pretende pagar tributos sobre lucros não realizados sem liquidar ativos num momento desfavorável.
Transformar o balanço em reserva de bitcoin inaugura uma convergência inédita entre finanças tradicionais e ativos digitais, mas impõe ao investidor a convivência simultânea com a volatilidade própria do BTC e com os riscos de execução, governança e regulação de qualquer negócio corporativo. A estratégia tende a prosperar se o preço do bitcoin permanecer em alta e se houver disciplina de capital, transparência e forte controle contábil; na ausência dessas salvaguardas, a promessa de proteção e retorno pode se revelar apenas volatilidade travestida de inovação.