Mercado cripto encara liquidações em massa com queda do Bitcoin
A notícia da taxação dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros a partir de agosto gerou incertezas e, até o momento, muitas especulações sobre as possíveis consequências.
A arroba do boi gordo, que já vinha sentindo alguma pressão de baixa com um cenário de maior oferta de animais terminados no início de julho, viu esse cenário de pressão se acentuar diante da notícia.
Considerando o preço médio da arroba do boi gordo, considerando a praça de São Paulo, a arroba do boi gordo teve queda 3,5% entre 9/7 e 23/7.
Caso as taxas entrem realmente em vigor, há possibilidades de redirecionamento desse volume para outros mercados? Na nossa visão sim.
EUA
Atualmente os EUA ocupam a segunda posição entre os principais destinos da carne bovina in natura brasileira, recebendo 12,2% do total exportado pelo Brasil. No primeiro semestre de 2025 foram enviadas 156,5 mil toneladas de carne bovina para os americanos, volume 131,8% maior que no mesmo período do ano passado.
Em junho, foram enviadas 13,4 mil toneladas, queda de 23,3% na comparação anual.
Apesar do recuo de junho, o crescimento forte no volume enviado para os americanos no semestre aconteceu diante de um cenário de alta do ciclo pecuário dos EUA, resultado da diminuição expressiva em seu rebanho nos últimos anos.
Assim, caso as exportações para EUA fiquem totalmente paralisadas, o Brasil tem hoje outros importantes destinos que poderiam absorver esse volume mensal.
China
Atualmente o gigante asiático é o principal destino da carne bovina brasileira. Nos primeiros seis meses do ano foram enviadas 631,8 mil toneladas de carne bovina in natura para o país, alta de 12,0% em relação ao mesmo período do ano passado.
Em junho o volume enviado para o país foi de 134,4 mil toneladas, 47,0% mais que no mesmo período do ano passado e o terceiro maior volume já enviado para o país.
Historicamente observamos um aumento no volume enviado para os chineses no segundo semestre, influenciado pela preparação do país para o Ano Novo Chinês, que ocorre no início do ano. Em 2026, acontecerá de 17 de fevereiro a 3 de março.
Na média dos últimos três anos (2022-2024), o volume enviado em agosto foi 8,3% maior (em torno de 9,0 mil toneladas) quando comparado a julho; e, de agosto para setembro, o crescimento foi de 14,7%, ou 17,2 mil toneladas. Assim, esse volume já direcionaria parte ou até mais do que os EUA têm comprado.
Figura 1. Média do volume de carne bovina in natura enviada para a China pelo Brasil em cada mês, de 2022 a 2024, em mil toneladas.
Fonte: Secex / Elaboração: HN AGRO
Considerando a média do volume enviado no primeiro semestre em relação ao segundo, nesse mesmo período, observamos um aumento de 32,6%.
México, Rússia, Chile e Vietnã
O crescimento no volume embarcado não aconteceu só para a China, outros importantes destinos da carne bovina brasileira vêm ganhando espaço e colaboram para o escoamento da produção.
Ainda considerando o primeiro semestre do ano foram enviadas 57,9 mil toneladas de carne bovina in natura para o México, resultando em um volume 176,2% maior que o mesmo período do ano passado. Em junho foram 16,2 mil toneladas, o maior volume já enviado para o país.
Em 2024 os principais destinos da carne mexicana foram: EUA, Canadá e Japão. Ou seja, se as vendas do México para os EUA aumentarem, para suprir a lacuna da carne brasileira, podemos ser beneficiados indiretamente, suprindo o mercado mexicano com mais volume.
Além disso, observamos crescimento no volume enviado no primeiro semestre, para o Chile (+20,0%) e Rússia (+25,1%).
O Vietnã abriu mercado para a nossa carne há alguns meses e a expectativa é de que o país vá ganhando espaço entre os destinos, com uma população relevante, renda crescendo mais que a média global e aumento forte das importações nos últimos anos.
Austrália
Com diminuição ou paralisação da importação da carne bovina brasileira, boa parte da demanda deve se voltar para Austrália, atualmente principal fornecedor de carne bovina dos EUA.
Atualmente os principais destinos da carne australiana são: EUA, Japão, Coreia do Sul, China, Indonésia e Filipinas.
Com a maior demanda pela carne australiana podemos observar também uma maior concorrência entre os países, o que pode resultar em aumento no valor da tonelada e uma maior competitividade da carne bovina brasileira.
Hoje, as Filipinas ocupam a 6ª posição entre os principais destinos da carne brasileira e a Indonésia é a 19ª colocada.
As tratativas com o Japão ainda estão em andamento, mas a possibilidade de aumento nos preços pode ajudar a acelerar as negociações.
Conclusão
Essa não é a primeira e nem a última notícia que gera uma instabilidade no mercado. Apesar de a expetativa ser de uma acomodação e impacto menor que o precificado em médio prazo, quem precisou negociar no meio da turbulência foi impactado.
Não podemos descartar a importância dos EUA como comprador da carne bovina brasileira, mas o nosso cenário esperado é de um rearranjo e dos fluxos, uma vez que as tarifas não fazem surgir carne no cenário global.
Na nossa visão o momento atual pode ser de oportunidade para garantia preços de reposição para o segundo semestre.