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Por Andrea Shalal
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta sexta-feira que demitirá a diretora do Federal Reserve Lisa Cook se ela não renunciar, intensificando seu esforço para ganhar influência sobre o banco central norte-americano.
"Eu a demitirei se ela não renunciar", disse Trump a repórteres durante uma visita a um museu de Washington voltado para a Casa Branca.
Cook, a primeira mulher negra a fazer parte da diretoria do Fed, disse que não tem "nenhuma intenção de ser intimidada a renunciar" depois que Trump pediu sua renúncia na quarta-feira com base em alegações sobre hipotecas que ela possui em Michigan e na Geórgia.
Na quarta-feira, Cook disse que leva a sério qualquer questionamento sobre seu histórico financeiro como membro do Federal Reserve e que estava reunindo informações precisas para responder a qualquer pergunta legítima.
Questionada sobre o assunto nesta sexta-feira, enquanto participava da conferência anual do Fed em Jackson Hole, Wyoming, Cook disse que não tinha mais comentários além de sua declaração anterior.
Cook está entre os três diretores do Fed indicados pelo ex-presidente Joe Biden cujos mandatos se estendem além do período de Trump na Casa Branca, complicando os esforços do presidente para obter mais controle ao nomear a maioria dos sete membros da diretoria.
Dois dos seis membros restantes da diretoria do Fed foram nomeados por Trump - Christopher Waller e a vice-chair de supervisão Michelle Bowman.
Trump tem criticado repetidamente o chair do Fed, Jerome Powell, cujo mandato termina em maio de 2026, primeiro por não ter reduzido a taxa de juros de referência e, mais recentemente, pelos custos em uma reforma do prédio do Federal Reserve.
O comentário de Trump nesta sexta-feira ocorreu enquanto Powell proferia seu último discurso na conferência de Jackson Hole, comentários que abriram caminho para os cortes de juros que Trump há muito tempo exige. O discurso de Powell, no entanto, não chegou nem perto de prometer as reduções radicais de juros que Trump almeja.
O diretor da Agência Federal de Financiamento da Habitação, William Pulte, levantou as alegações em um tuíte no X na quarta-feira de que Cook havia designado um condomínio em Atlanta como sua residência principal depois de tomar um empréstimo em sua casa em Michigan, que ela também declarou como residência principal. Pulte disse à CNBC que também está investigando a propriedade que Cook tem em Massachusetts.
Os empréstimos para uma residência principal podem ter condições mais fáceis do que aqueles para segundas residências ou propriedades de investimento. Pulte disse que os empréstimos em questão datam de meados de 2021, antes de Cook ser nomeada para o Fed pelo ex-presidente Joe Biden e confirmada pelo Senado no ano seguinte. Cook, natural da Geórgia, era professora de economia na Universidade Estadual de Michigan na época em que as hipotecas foram contratadas.
Pulte pediu à procuradora-geral dos EUA, Pam Bondi, que investigasse, e Trump rapidamente ampliou a alegação. O Departamento de Justiça está levando o assunto muito a sério, disse um integrante do departamento à Reuters.
Maxine Waters, a principal democrata do Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Deputados dos EUA, criticou o ataque de Trump a Cook nesta sexta-feira, dizendo em um comunicado que era uma clara continuação de seu esforço contínuo para "minar a independência do Federal Reserve" e desviar a atenção para os sinais de desafios econômicos causados por suas políticas.
"Seu alvo mais recente é a dra. Lisa Cook, uma economista altamente qualificada e pioneira, e a primeira mulher negra a fazer parte da Diretoria do Federal Reserve desde que o Congresso o criou em 1913", disse Waters. "Deixem-me ser bem clara: as alegações contra a dra. Cook foram montadas como um pretexto para tentar substituí-la por alguém que será leal primeiramente a Trump e não à Constituição ou à lei dos EUA."
O secretário do Tesouro, Scott Bessent, está liderando os esforços para encontrar um novo chair para substituir Powell.
Trump está pressionando para que o Senado confirme logo Stephen Miran, chefe do Conselho de Consultores Econômicos, que ele indicou para uma vaga temporária na diretoria do Fed, substituindo Adriana Kugler. Kugler, a primeira latina no Fed, renunciou abruptamente no início deste mês, meses antes do término de seu mandato em 31 de janeiro.
(Reportagem de Andrea Shalal)