Investing.com - O Ibovespa conseguiu manter o terceiro dia consecutivo de alta após fechar nesta quinta-feira com ganhos de apenas 48 pontos frente à sessão anterior, em um pregão marcado pela volatilidade com a valorização das commodities sendo ofuscada pelo pessimismo internacional.
O índice subiu 0,06% aos 85.824 pontos, dividido quase pela metade com 33 ações no terreno positivo, contra 31 papéis com perdas.
Logo após a abertura, o Ibovespa conseguiu superar os 86 mil pontos pela primeira vez em duas semanas, antes de dar espaço a uma incerteza que fez a bolsa cruzar a linha de estabilidade por diversas vezes durante o pregão. O início da tarde foi marcada pelo mau humor que levou o Ibovespa para a mínima do dia aos 85.197 pontos por volta de 14h30, antes de se recuperar e retornar ao azul na última hora de pregão.
A BRF (SA:BRFS3) voltou a ser destaque com forte volume levando o papel à alta de 4,9%, sobre os ganhos de 9% ontem. A empresa vive momentos de volatilidade nas últimas semanas após ser alvo de nova fase da Carne Fraca, ver uma briga de sócios e ser barrada de exportar para a União Europeia. No dia, a ação disparou 9,9% com Pedro Parente aceitando a indicação para presidir o conselho e perdeu força com a Europa descredenciando suas unidades.
A disparada do minério de ferro, que subiu 6,5% em Dalian, não foi suficiente para embalar os ganhos da Vale (SA:VALE3), que acabou com alta de 0,74%. Entre as siderúrgicas, a Usiminas subiu 3,5% com a expectativa dos balanço que será conhecido amanhã. Gerdau (SA:GGBR4) e Metalúrgica Gerdau (SA:GOAU4) perderam 1% e 0,9%, nesta ordem, enquanto a CSN (SA:CSNA3) avançou 0,4%.
Em Wall Street, o clima foi negativo com perdas de 0,3% no Dow 30, 0,6% no S&P 500 e de 0,8% no Nasdaq. O rendimento das Treasuries se aproximou dos 3% e as apostas em quatro altas de juros neste ano superou os 40%, segundo o Monitor da Taxa do Fed do Investing.com.
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Veja os principais temas do calendário econômico que deverão movimentar o mercado nesta sexta-feira, 20 de abril:
1. Inflação voltará a surpreender o mercado?
Os investidores aguardam com atenção os dados de inflação que serão publicados pelo IBGE nesta sexta-feira, 20, às 9h para atualizar seus cenários de juros. O consenso projeta que IPCA-15 mensal ficará em 0,25% em abril, ligeiramente acima dos 0,10% de março. Se confirmado, o IPCA em 12 meses se elevará para 2,84%, de 2,80%.
Os números de inflação ao consumidor têm sido acompanhados de perto, pois contínuo processo de desinflação tem surpreendido analistas e até mesmo o Banco Central, que estendeu o ciclo de corte de juros para estimular o retorno do IPCA ao centro da meta.
Na última reunião do Copom, os diretores surpreenderam o mercado ao anunciar que, além do esperado corte de juros para 6,5%, fariam novo movimento de baixa na próxima reunião, o que levaria a Selic a 6,25%. Em comunicado e na ata do encontro, o BC afirmou que deverá interromper o ciclo de baixa e aguardar mais dados, olhando cada vez mais para 2019.
Alguns analistas sugerem que, apesar de sinalizar o fim dos cortes, o Copom deixou a porta aberta para atualizar o discurso à frente e indicar mais reduções da Selic se a inflação seguir fraca.
A meta de inflação para este ano é de 4,5%, com margem de tolerância de 1,5 p.p. para cima ou para baixo. O mercado vem reduzindo nas últimas semanas sua projeção para o IPCA em dezembro, contabilizando a inflação mais fraca nos últimos meses. Segundo os analistas, após ficar abaixo do piso no ano passado, os preços deverão ficar 3,5% em 2018, dentro da tolerância.
Para 2019, a meta será de 4,25% e o mercado projeta o índice um pouco acima de 4%.
Se o IPCA-15 de amanhã surpreender, os investidores deverão reavaliar seus modelos para o ano, com um possível impacto na curva de juros.
2. Diretores do Fed encerram semana de discursos; rendimentos das Treasuries sobem
Em um dia com poucos eventos econômicos, os diretores do Federal Reserve Charles Evans e John Williams encerrarão uma semana com vários discursos de membros do FOMC, que mantiveram a sinalização de aumento gradativo das taxas e maiores pressões inflacionárias.
O presidente do Fed de Chicago, Charles Evans, fará um discurso às 10h40, e o presidente do Fed de Nova York, John Williams, falará às 12h15.
Williams disse na terça-feira que, enquanto o uma curva invertida no rendimento dos títulos "seja um sinal poderoso de recessões", o atual achatamento da curva de rendimento das Treasuries é "totalmente normal", já que o Fed continua aumentando as taxas. "Eu ainda não vejo os sinais de uma curva de juros invertida", acrescentou ele.
A curva de rendimento, no entanto, acentuou-se na quinta-feira como os títulos com vencimento em 10 anos superando os 2,9%, apoiando um aumento no índice dólar em meio a otimismo sobre a economia dos EUA e pressões inflacionárias.
3. Comitê de monitoramento do pacto da Opep se reúne em meio a máxima de 3 anos no petróleo
O relatório semanal de sondas em atividade nos EUA será publicado pela Baker Hughes nesta na sexta-feira às 14h, fornecendo aos investidores uma atualização sobre a força do mercado de petróleo do país. Na semana passada, a prestadora de serviço mostrou uma alta no número de unidades em operação, o que indica a sequência da alta da produção.
Pela manhã, os investidores monitorarão o resultado da reunião conjunta do comitê de monitoramento para confirmar que a Opep e seus aliados continuam cumprindo o pacto de coibir a produção.
O petróleo tem batido máximas de três anos com o aumento da tensão geopolítica na semana passada, seguida do interesse da Arábia Saudita de elevar ainda mais os preços da commodity enquanto prepara o IPO da estatal Saudi Aramco.
Os investidores apostam na renovação do pacto de retirar 1,8 milhão de barris/dia do mercado em vigor desde janeiro de 2017.