BEIRUTE (Reuters) - O líder do mais poderoso grupo rebelde que atua nas imediações de Damasco, capital da Síria, foi morto nesta sexta-feira após ataque aéreo russo que atingiu as dependências secretas da facção, de acordo com fontes ligadas aos rebeldes.
O exército sírio confirmou a morte de Zahran Alloush, cujo grupo Jaysh al-Islam conta com milhares de combatentes e é a maior facção rebelde na área.
Diversos líderes de grupos rebeldes já foram mortos desde que a Rússia lançou sua ofensiva aérea no dia 30 de setembro em apoio ao presidente Bashar al-Assad, cujas tropas têm sofrido com muitas baixas na guerra civil que agora se aproxima do fim do seu quinto ano. A Reuters não conseguiu estabelecer contato imediato com nenhum membro do Ministério da Defesa ou das Relações Exteriores da Rússia.
A morte de Alloush representa um sério problema ao controle dos rebeldes na área rural de al-Ghouta, a leste de Damasco, no subúrbio da capital.
Cerca de 2 mil combatentes islamitas, incluindo membros do Estado Islâmico e da Frente al-Nusra, pertencente à Al-Qaeda, tiveram de ser retirados de ônibus de uma área controlada por rebeldes ao sul de Damasco, que tem sido cercada por forças do governo ao longo dos últimos anos.
Eles deixam a região após um acordo mediado pelas Nações Unidas que marca mais uma vitória para o governo Assad, que agora vê aumentadas suas chances de reassegurar o controle de uma área estratégica a 4 km do centro de Damasco.
O exército sírio também afirmou nesta sexta-feira que ganhou terreno para recuperar a rodovia entre Aleppo e Damasco, hoje também comandada por rebeldes --no que é a mais recente vitória da ofensiva militar protagonizada pelas milícias xiitas apoiadas pelo governo do Irã e pela força aérea russa.
ASSAD FORTALECIDO
Juntas, as vitórias fortalecem Assad, em um momento em que seu governo se prepara para reuniões de mediação pela paz que a ONU planeja realizar em Genebra no próximo mês.
O Conselho de Segurança da ONU aprovou de forma unânime no último dia 18 uma resolução que pavimenta o processo de paz na Síria, em rara demonstração de consenso entre as potências mundiais em um conflito que já tirou mais de 250 mil vidas.
O Jaysh al-Islam, de Alloush, com milhares de combatentes treinados, é o maior grupo rebelde, e visto como o mais organizado. Ele tem administrado a área de Ghouta Oriental.
Alloush estava ideologicamente em conflito com o Estado Islâmico e a Al-Qaeda, apoiando um Islã mais moderado e lutando para eliminar os militantes radicais islâmicos de seu território. Mas ele também foi criticado por levar a cabo uma dura repressão aos dissidentes do seu grupo e acusado de sequestrar vários ativistas importantes em 2013.
A Síria tem há muito tempo acusado a Arábia Saudita de fornecer armas e outros materiais a Alloush. Mas se acredita que, assim que visitou países hostis a Assad, ele tenha falhado em conquistar o apoio que queria para o Jaysh al-Islam.
Especialistas afirmam que os conflitos entre forças rebeldes podem consolidar o controle de Assad sobre o restante de al-Ghouta, que tem sido sitiada e cercada pelas forças armadas do governo por muitos anos e alvo de intensos ataques aéreos.
(por Suleiman Al-Khalidi)